O que aconteceu com o Google (que ferrou todo mundo)?

Você deve ter notado que o buscador que monopoliza a internet anda fazendo uma série de mudanças na forma como apresenta seus resultados. Desde junho de 2019 a empresa está fazendo alterações em seu algoritmo, mas no início de novembro um verdadeiro terremoto aconteceu, levando muitos profissionais de internet a fazerem a pergunta: o que aconteceu com o Google?

Depois de quase um mês acompanhando um verdadeiro pandemônio nos fóruns de criadores, blogueiros e donos de site, finalmente o Google publicou um comunicado oficial, confirmando uma atualização de proporções globais e grande impacto nos resultados, que teve início em 8 de novembro, e só terminou hoje, 3 de dezembro.

Eu e muitos donos de sites que participam das discussões nos grupos ficamos aterrorizados com quedas de 40, 60 e até 80% do tráfego nesse período, e eu já até conversei com gente que pensa em abandonar seu negócio por conta dessas “mudanças bruscas de humor do Google”.

Detalhe: a gigante demonstrou total falta de “responsabilidade” com seus parceiros ao decidir lançar uma atualização desse porte às vésperas da Black Friday, época importantíssima para pequenos e médios negócios digitais.

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Google: minha casa, minhas regras

Todo mundo que trabalha com sites sabe que as atualizações de algoritmo do Google são um evento preocupante, já que a empresa não só domina mais de 88% das buscas feitas na internet, como também é dona do navegador mais usado do mundo, o Chrome.

Dependendo do que o buscador vai priorizar numa nova atualização, você que tem um site indexado pode perder ou ganhar visibilidade, mas todo mundo que está há algum tempo nesse mercado já se acostumou com uma certa volatilidade periódica do buscador.

Tudo mudou no início desse segundo semestre de 2019, quando o Google começou a fazer algo incomum até então: soltar uma grande atualização por mês:

  • Atualização de Junho: Diversity update. Grande mudança no núcleo do buscador para oferecer maior diversidade nos resultados. A partir desse momento o buscador passou a apresentar somente 1 link relevante por site para cada busca. Antes era possível buscar um termo e receber 2 ou mais resultados de um mesmo site.
  • Atualização de Julho: Maverick update. Ajustes relacionados à atualização de junho.
  • Atualização de Agosto: Redução na exibição de resultados adultos para os termos “adolescente”, “lésbica”, “colegial” e relacionados.
  • Atualização de Setembro: Starmageddon update. Novas regras para exibição de snippets especiais removeram as “estrelinhas” dos resultados de milhares de sites (inclusive do nosso).
  • Atualização de Outubro: BERT update. Implementação do processamento de linguagem natural nas buscas (provavelmente com foco nas buscas por voz).
  • Atualização de Novembro: Grande mudança no núcleo com foco nas buscas locais, com implementação do novo mecanismo de combinações neurais baseado em Inteligência Artificial. Esta atualização foi a mais longa até agora, demorando quase 1 mês para estar totalmente finalizada.

Fonte: Seroundtable

Com tanta movimentação, muitos sites não sobreviveram, mas isso seria perfeitamente aceitável se não fosse um porém: muitos sites MUITO BONS estão sendo punidos, e muito sites MUITO RUINS estão subindo nos rankings.

O Google sempre afirmou que sua missão era fornecer os melhores resultados para as buscas dos usuários, mas ele está falhando miseravelmente nessa missão, quando exibe um monte de links de baixa qualidade logo nas primeiras posições, e “enterra” os bons conteúdos na 3ª, 4ª ou 5ª páginas.

Aliás, no mês passado a relações-públicas Cáren Cruz descobriu um problema sério de interpretação no buscador relacionado ao racismo. Ao realizar a busca “mulher negra dando aula” no Google Imagens, a pesquisadora recebeu como resultado uma série de imagens pornográficas com mulheres negras, ao invés de imagens de professoras.

Mesmo com tantas atualizações, buscas continuam ruins

Para ficar claro para você que está lendo, vou dar um exemplo prático de como o Google é ineficiente para as buscas do nosso segmento de tecnologia.

Se você procurar agora no Google por “Review do LG G8S ThinQ” vai receber como primeiro ou segundo resultado o seguinte link do site Celular Direto: https://www.celulardireto.com.br/lg-g8s-thinq-review/

Dá uma olhada nesse link e me diz: isso é uma resenha completa do dispositivo? tem fotos feitas com a câmera do celular? tem testes de desempenho? vídeos? unboxing? ficha técnica detalhada? nome da pessoa que analisou o aparelho e seu veredito? Pois é.

Se você prosseguir com sua busca e chegar até o final da segunda página (algo que pouca gente faz), vai encontrar o meu review com tudo isso e mais um pouco, produzido após semanas de testes com o dispositivo.

E eu não estou querendo puxar brasa pra minha sardinha não. Se você chegar na terceira página, vai ver reviews até melhores que os meus. E outra, tem colegas de outras áreas reclamando que páginas SEM CONTEÚDO NENHUM estão tomando suas posições nas buscas.

Fica então a pergunta: se o critério não é mais qualidade do conteúdo, qual é?

E você, está sofrendo com os resultados que o Google apresenta para suas buscas? Conte aí nos comentários o que acha desse monopólio.

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Anderson Mansera

Especialista em Tecnologia e Design com mais de 20 anos de experiência no mercado de produtos eletrônicos e soluções digitais, com participação em eventos internacionais e projetos para grandes empresas. Retrogamer e tecladista nas horas vagas.

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