Geração Alpha: o que é, características e perspectivas

Depois dos Baby Boomers — os nascidos entre 1946 e 1964, após a Segunda Guerra Mundial —, veio a Geração X — nascida entre 1965 e 1979. Essa turma já é adulta e cresceu ouvindo falar de aparelhos eletrônicos como objetos de desejo. Na sequência, chegou a Geração Y, formada pelos famosos millennials — nascidos entre 1980 e 1996 — que viram a internet caminhar lado a lado com seus boletins do colégio. E, finalmente, chegou a Geração Z — dos nascidos entre 1997 e 2010 — que sabem tudo de redes sociais. Mas é da Geração Alpha, formada pelos “filhos dos millennials”, que vamos falar.

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O que é a geração Alpha?

A Geração Alpha — formada pelos nascidos depois de 2010 até meados de 2025 — será a primeira geração que nunca viveu muitos dos aspectos de um mundo analógico.

Eles não fazem ideia do que é um disco de vinil, uma fita VHS, tampouco um mundo offline, sem que todos estejam ao alcance de um botão. Enquanto as gerações anteriores foram marcadas pela velocidade de adaptação às novas tecnologias, as crianças alpha, nascidas no século XXI, formam o que os pesquisadores chamam de “a primeira geração 100% digital”.

Todas as semanas, 2,5 milhões de membros da geração alpha nascem em todo o mundo. Em 2025 — quando teremos mais um salto geracional — os filhos dos “millennials” serão quase 2 bilhões ao redor do globo. As previsões são do analista social Mark McCrindle, autor de Generation Alpha (2021) e The ABC of XYZ: Understanding the Global Generations (2009) e quem usou o termo “Geração Alpha” pela primeira vez em artigos acadêmicos.

Em quatro anos, os Alpha superarão os baby boomers e muitos deles viverão para ver o século XXII. Para McCrindle, é a maior geração da história do mundo em muitos aspectos.

Estamos falando sobre a Geração alpha, os filhos da Geração Y e, muitas vezes, os irmãos mais novos da Geração Z. E, embora ainda sejam a geração mais jovem, o fato de se comunicarem com facilidade e serem muito bem adaptados às tecnologias, os permite ter influência sobre marcas, moldar o cenário das mídias sociais e influenciar a cultura popular.

Além de serem os novos consumidores e público alvo de muitas indústrias, no final dos anos 2020, eles estarão chegando à idade adulta, atuando como força de trabalho e formando famílias, estejam eles e elas prontos ou não para lidar com o mundo real.

Os filhos dos millennials são nativos digitais

A Geração Alpha começou a nascer em 2010. Curiosamente, “deu o start” no mesmo ano em que o iPad foi lançado pela Apple, o Instagram foi criado como um aplicativo de fotos e o Kinect (lembra dele?) tentou substituir o joystick nos videogames. Sendo assim, desde os primeiros anos, eles são screenagers.

Quase um experimento global não intencional, em que telas — de todos os tipos e tamanhos — são colocadas na frente de bebês desde muito pouca idade, disputando espaço com chupetas, brinquedos e materiais educativos.

Esta grande Era da tela em que todos vivemos tem impactos maiores na Geração Alpha, exposta à uma saturação durante seus primeiros anos de formação. Da fuga de atenção à gamificação da educação, da maior alfabetização digital à formação social prejudicada, esses tempos impactam todos, mas transformam aqueles que não conhecem outro mundo.

Por que Geração alpha?

Curiosos que somos, vale explicar. Para o pesquisador australiano, pai do termo e autor do “ABC do XYZ”, ficou claro que uma nova geração estava para começar e não havia um nome para eles — pois o alfabeto encerra no “z”. Coincidiu que sua pesquisa ocorreu logo após a temporada de furacões no Atlântico de 2005, quando houve tantas tempestades para serem nomeadas que, pela primeira vez, o alfabeto grego foi usado para “dar conta”.

Mantendo a nomenclatura científica, de usar o alfabeto grego em vez do latim, decidiu que a próxima seria a Geração alpha. “Não um retorno ao antigo, mas o início de algo novo”.

As gerações atuais abrangem cada uma 15 anos. Portanto, a Geração Beta nascerá de 2025 a 2039. Se a nomenclatura persistir, então teremos a Geração Gama e a Geração Delta, mas poucos de nós chegaremos lá vivos, até o final do século XXI, para discutir isso.

Ainda sobre fatos curiosos, pesquisadores também consideram que quem nasceu entre 1977 e 1983 não é nem Geração X, nem Geração Y (millennial). É um Xennial, uma geração divisora de águas: a última que se lembrará de como era a vida antes da Internet. Eles tiveram uma infância analógica, mas uma idade adulta digital, não estão lá nem cá.

O termo mescla o “X” com o final da palavra millennial, e apareceu pela primeira vez em um artigo do site Good, publicado em 2014. Dan Woodman, sociólogo da Universidade de Melbourne, se transformou no sociólogo oficial dos Xennials, mas recusa a autoria do nome.

Ainda não há nenhuma evidência acadêmica forte para esse recorte, embora claramente a ideia ganhe eco em muitas pessoas que se sentiram deixadas de fora pelas categorizações usuais que fatiam gerações de 15 em 15 anos. “Há alguma verdade no que as gerações falam, já que nossas vidas são moldadas pelo tempo. Mas os rótulos são homogeneizantes e, frequentemente, funcionam como estereótipos desagradáveis”, acredita Woodman.

Geração Z e Alpha

A relação entre a Geração Z e Alpha é de proximidade. As definições de geração são mais úteis quando abrangem uma faixa etária definida e, portanto, permitem comparações significativas entre elas. Mas comparar as estatísticas da Geração alpha com as da Geração Z é uma pesquisa em constante desenvolvimento.

No entanto, se as tendências atuais se mantiverem, as crianças da Geração Alpha serão mais racial e etnicamente diversificadas do que as crianças da Geração Z. Os membros dela também têm maior probabilidade de ir para a faculdade, maiores chances de crescer em uma casa com apenas um dos pais e maior probabilidade de estarem cercados por adultos com ensino superior.

Cercada por tecnologia desde o início, a Geração Alpha considera as ferramentas digitais onipresentes e não apenas um acessório moderno como ainda é visto por parte dos “Zs”.

Crescer conectado pode ter suas vantagens, incluindo maior alfabetização digital e adaptabilidade ao novo. Mas uma infância definida pela tecnologia também pode criar desafios, como períodos mais curtos de atenção e atraso no desenvolvimento social.

Marcos das gerações

Infográfico completo disponível em: MCCrindle Research Blog

Geração Alpha e suas características

Vale notar que fazer recortes geracionais usando matemática pode não ser uma ciência tão exata — por isso, a existência dos Xennials. No entanto, segundo o Pew Research Center, analisar as gerações oferece “uma forma de entender como acontecimentos globais, econômicos e sociais interagem entre si para definir a forma como vemos o mundo”.

E, se antes, as gerações eram definidas por acontecimentos históricos ou sociais importantes, hoje são ditadas pela ciência. O mundo dos alphas, começando pelos pais, está constantemente conectado e a tecnologia é uma extensão da forma de conhecer o mundo.

Entre as características tecnológicas das gerações, estão:

  • Baby boomers (1946 a 1964) e Geração X (1965 a 1979): pessoas que cresceram ouvindo falar de aparelhos eletrônicos, mas a tecnologia ainda era algo distante, de ficção científica.
  • Geração Y/ Milennials (1980 a 1996): caracterizados por um maior uso e familiaridade com meios de comunicação e tecnologias digitais, forte adaptação do analógico para o digital.
  • Geração Z (1997 a 2010): usam a internet desde muito jovens — mas não bebês, como os alpha — e se sentem muito confortáveis com a tecnologia e o mundo digital sem sofrimentos.
  • Geração Alpha (2010 a 2025): formada pelos filhos dos millennials, é a primeira geração que não conhece o mundo analógico, é nativa digital, 100% conectada e mais diversificada.

Covid-19 e a Geração Alpha

Alguns especialistas já estão chamando a pandemia do novo coronavírus, causador da COVID-19, de um “momento de definição” para a Geração Alpha, mas ainda é cedo para saber exatamente como este período — que ainda estamos vivendo — afetará a geração.

O que se sabe é que, no início de 2020, quando a pandemia forçou as escolas e a maioria das empresas a operarem remotamente, com pais e crianças ficando em isolamento em casa, a tecnologia salvou o dia.

Para muitas crianças o tempo de tela disparou, seja por causa das aulas online ou pela dedicação maior ao entretenimento digital, como jogos no celular e desenhos animados por streaming, mas por outro lado os pais foram forçados a passar mais tempo com os filhos, algo que certamente terá impacto no futuro.

Falando em futuro, a sustentabilidade pode ter se tornado um tema crucial para os alphas, já que a pandemia fez o mundo inteiro perceber como os hábitos humanos diários agridem o planeta. Lembra como a qualidade do ar melhorou nas grandes cidades depois de meses de paralisação econômica? Até a Baía de Guanabara ficou “magicamente” mais limpa, com golfinhos e tartarugas dando as caras novamente.

Fica a pergunta: será que finalmente teremos uma geração que vai trabalhar pela saúde do planeta? Queremos saber sua opinião aí nos comentários!

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Melissa Cruz Cossetti

Jornalista de formação, sobrevivendo entre o digital e o analógico desde a década de 80.

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