A divisão de celulares LG vinha amargando prejuízos gigantescos desde 2015, e com a pandemia tudo ficou ainda pior para a marca. Resultado: ela acaba de anunciar que está deixando a produção de smartphones, não só no Brasil, mas em todo mundo.
Eu testei praticamente todos os modelos lançados pela empresa nos últimos anos, e creio que como especialista em smartphones e designer por formação, posso arriscar alguns palpites para explicar porque a empresa chegou nessa situação.
A interface da LG nunca foi legal
A Samsung Experience já era considerada pelos especialistas o que havia de melhor no Android em 2017, na época do Galaxy S8, mas sabe o que a coreana fez? Desenvolveu algo ainda melhor: a One UI.
Paralelamente, a Xiaomi também trabalhou duro para tornar a MIUI mais bonita, poderosa e funcional, e hoje colhe os frutos de um sistema amado por seus clientes.
Enquanto isso, Sony e LG ofereciam versões do Android que parecem ter parado no tempo… E adivinha? Exatamente as duas perderam espaço na cabeça dos consumidores.
Mais recentemente a LG até deu uma repaginada em sua interface, deixando-a até bem parecida com a One UI da Samsung, mas já era tarde demais.
Ela sempre foi demorada nas atualizações do Android
A LG sempre teve uma péssima fama quanto o assunto é atualização do Android em seus aparelhos, e nem seus tops escapavam disso. O LG G7 ThinQ, por exemplo, levou quase 2 anos para receber o Android 9 Pie no Brasil.
No Brasil essa questão dos updates era especialmente complexa para a LG, já que a marca focava muito nas vendas através das operadoras. Como todo mundo sabe, um celular de operadora sempre demora mais para ser atualizado.
Os celulares LG não tinham serviços que fidelizam o consumidor
Apple e Samsung, as duas líderes do mercado, criaram recursos e serviços que mantém seus clientes fiéis. Samsung Pay e Apple Pay, Samsung Rewards, Apple Music, Apple Arcade, e por aí vai.
Para você ter ideia de como um ecossistema de serviços é importante, basta observar a situação da Apple em 2019: a empresa teve queda expressiva na venda de smartphones, mas sua receita com serviços cresceu um bocado.
A culpa foi das chinesas?
Em 2017 e 2018 a LG citou as marcas chinesas como um dos grandes motivos para sua perda de mercado, e de fato essa tem sido uma dor de cabeça não só para a LG, mas também para todas as outras fabricantes de celulares.
Até a toda poderosa Samsung teve que se sacudir em 2019 para não perder uma grande fatia no segmento intermediário, que estava sendo literalmente engolido pela Xiaomi.
Graças à escalada impressionante da chinesa – que já é a terceira maior no mundo –, a Samsung reformulou completamente a sua faixa média, com os Galaxy A e M.
A Apple também fez algo parecido com o iPhone SE 2020, e tudo indica que deve continuar apostando no top menos caro na “coleção” 2021-2022 (porque a Apple é uma grife, né?).
Infelizmente a LG não conseguiu encontrar um caminho para se manter competitiva frente às chinesas, e deu no que deu.