A faixa de preço dos R$ 1.500 é uma das mais disputadas no mercado de celulares, e o Motorola One Fusion fez uma largada muito ruim nessa corrida, estreando com sua versão de 64 GB por R$ 1.799.
Felizmente a Motorola rapidamente percebeu o vacilo, e logo tratou de lançar a versão de 128 GB pelo mesmo preço.
Agora já é possível encontrar o One Fusion de 128 GB por R$ 1.350 no varejo online, enquanto o de 64 GB vai sumindo discretamente, como se nada tivesse acontecido.
Se você está pensando em comprar o modelo, vem comigo nessa análise completa, onde eu vou contar tudo o que achei dele depois de algumas semanas de uso.
Tá com muita pressa? Então confira abaixo a minha lista de prós e contras, ou vá direto para:
Prós e contras
Pros
- Ótimo desempenho;
- Boa câmera principal;
- Bateria de longa duração.
Contras
- Tela é apenas HD, tem calibragem rosada, e brilho mediano;
- Sem NFC;
- Sem 4G+;
- Sem WiFi de 5 GHz;
- Carregador de apenas 10w demora quase 3 horas para carregar o aparelho de 10 a 100%;
- Alto falante na traseira.
Ficha técnica
- Android 10;
- Tela IPS de 6,5 polegadas HD+ (720 x 1600);
- Chipset Snapdragon 710;
- GPU Adreno 616;
- 4 GB de RAM;
- 64 ou 128 GB de armazenamento interno, expansível com micro SD;
- Câmera traseira quádrupla:
48 MP wide f/1.7 Quad Pixel, PDAF;
8 MP ultrawide f/2.2;
5 MP macro f/2.2;
2 MP sensor de profundidade f/2.2; - Câmera frontal de 8 MP f/2.0;
- Gravação de vídeo 4K a 30 fps;
- Leitor de impressão digital traseiro;
- Bluetooth 5.0;
- WiFi Dual Band;
- Radio FM;
- A-GPS, Glonass, Galileo e BDS;
- USB tipo C (com OTG);
- Sensores: acelerômetro, proximidade e giroscópio;
- Bateria de 5.000 mAh.
Unboxing [vídeo]
Design e tela
Nem bonito, nem feio, nem moderno, nem antiquado. O Motorola One Fusion é um celular com visual OK, mas eu preciso dizer duas coisinhas: ele é mais grosso que um Redmi 9 (que possui bateria do mesmo tamanho), e o novo botão dedicado para o Google Assistente está no lugar errado.
Se o botão estivesse sozinho do lado esquerdo, como acontece no LG K51S, estaria tudo bem, só que ele está do lado direito, logo acima do volume pra cima. Sério, eu apertei o infeliz dezenas de vezes tentando aumentar o volume do aparelho.
O tamanho do “queixo” abaixo da tela também não me agradou (podia ser menor), e ainda tem a questão da posição do alto falante, que explicarei mais adiante, na avaliação de áudio do modelo.
Falando sobre a tela do One Fusion, mais uma decepção. Além de ser apenas HD+ (e não Full HD+, como muitos na mesma categoria), o painel IPS do modelo possui brilho mediano, aquela velha calibração rosada da Motorola (que fica mais visível nos brancos), e contraste que podia ser melhor.
Se você compara a tela do Fusion com a tela do One Vision ou a do One Hyper por exemplo, ambos lançados no ano passado, a diferença é gritante. Os dois mais antigos são superiores em absolutamente tudo.
Por que a Motorola fica nesse vai-e-vem de qualidade de painel? Eu não sei. Esse é um dos mistérios do universo.
- Veja também: Todos os lançamentos de celulares Motorola
Câmeras
O Motorola One Fusion vem com o conjunto quádruplo de câmeras na traseira que já se tornou padrão no segmento: uma principal de 48 MP, uma ultrawide de 8 MP, uma macro de 5 MP, e um sensor de profundidade (para o desfoque no Modo Retrato) de 2 MP.
A câmera principal é a que tem a melhor sensibilidade à luz, com abertura f/1.7 e tecnologia Quad Pixel (ideal para capturas noturnas), a ultrawide é perfeita para paisagens amplas ou fotos em grupo, e a macro, bem, a macro na teoria é boa para fotografias de detalhes em curtíssima distância, mas na prática se mostrou um desastre em praticamente todos os smartphones em que apareceu.
Na minha opinião, uma lente telephoto seria muito mais interessante (e útil) no lugar da macro, mas, fazer o que, né?
Bom, chega de papo e vamos às as fotos que eu fiz com o Motorola One Fusion durante as minhas semanas de testes.
Primeiro, uma foto com boa luz e HDR ativado (principal):
Agora uma com boa luz sem HDR (principal):
E agora, dois comparativos entre a câmera principal e a ultrawide (nessa ordem) (todas com HDR):
Como você pôde notar, as fotos ultrawide possuem algumas aberrações cromáticas, e também distorções nos cantos, mas isso não é nada que uma atualização de software não possa resolver.
Agora, alguns exemplos com a câmera principal no Modo Retrato (ou fundo desfocado):
Passando para a câmera macro, ficou claro que ela é um pouquinho melhor que a do Motorola One Macro (veja você), conseguindo nível de detalhes superior, e melhor representação de cores. Você só vai precisar de um pouquinho de paciência para acertar o foco:
As fotos noturnas também são boas no Modo Night Vision:
E finalmente, vamos para a frontal, que na minha avaliação também se saiu bem (desde que haja boa luz).
Primeiro, uma selfie “normal”:
E para fechar, uma no Modo Retrato:
No geral o Motorola One Fusion é um bom smartphone para fotos, mas ele não chega a impressionar.
O grande problema dele nesse quesito está fora dele: o Motorola One Hyper é melhor na principal, na ultrawide e na frontal, e modelos de outras marcas, como o Galaxy M31, também fazem um trabalho melhor, principalmente em termos de processamento de imagem.
Para ver as fotos deste review em tamanho original, acesse o Google Drive do Mobizoo.Teste de desempenho [Vídeo]
Não há do que reclamar em termos de velocidade no Motorola One Fusion.
O intermediário é bastante veloz para executar as tarefas do dia a dia, apresenta fluidez bastante satisfatória em todos os apps populares, e ainda roda jogos pesados com muita competência, mesmo quando colocamos a qualidade gráfica no máximo.
Provavelmente isso se dá por conta da resolução mais baixa da tela, que acaba “dando um refresco” pro hardware do aparelho.
Isso fica evidente quando testamos outros smartphones com a mesma configuração do One Fusion (Snapdragon 710 + 4 GB de RAM), porém com tela Full HD+, e não conseguimos a mesma fluidez.
Pontuação no Antutu Benchmark
Bateria
A bateria é um dos grandes destaques do Motorola One Fusion. O componente possui 5000 mAh de capacidade, e durante as minhas semanas de testes, chegou a oferecer dois de uso moderado, e um dia e meio de uso intenso.
Só tem um problema: o carregador que acompanha o modelo não é um TurboPower, e possui apenas 10w de potência.
O acessório é absolutamente inadequado para o tamanhão da bateria que ele precisa carregar, e por isso chegou a demorar inacreditáveis 3 horas para levar o equipamento de 10 a 100%.
Áudio
A Motorola não costuma errar neste item em seus smartphones, já que põe sempre bons alto falantes para multimídia e ligações em seus modelos, e também fones de ouvido de boa qualidade na caixa.
O problema no caso do One Fusion é que a fabricante errou ao colocar o alto falante principal do modelo na parte inferior da traseira. O áudio do componente é bom, mas por estar nessa posição, acaba ficando abafado na maioria das situações.
Veredito
Não me entenda mal. O Motorola One Fusion é um bom smartphone – principalmente se você foca em desempenho, mas é difícil indicá-lo para alguém, quando na mesma faixa de preço existem tantas opções melhores, inclusive da mesma marca.
O Motorola One Hyper, por exemplo, oferece câmeras superiores (tá, ele não tem macro, mas quem se importa?), carregador absurdamente potente, tela muito melhor (inclusive sem notch), NFC e 4G+, além de hardware com mesmo nível de desempenho.
Se você só quer um bom celular para jogos gastando o mínimo possível, o Redmi 9 da Xiaomi oferece o mesmo desempenho do One Fusion por menos dinheiro, e ainda tem tela Full HD+. Mas, que fique claro: se o seu negócio é câmera, o Fusion ainda é melhor que o Xiaomi (principalmente à noite).
Resumindo: sob qualquer ângulo que você olhar, faltam vantagens competitivas para o One Fusion se destacar. Por isso, meu veredito é:
Ainda não conhece a escala memética de avaliação do Mobizoo? Então veja como fazemos nossas análises de celular.
Deixo o meu agradecimento à assessoria da Motorola, que gentilmente emprestou o celular utilizado nesta análise.