O que aconteceu com o YouTube, e porque você deveria se preocupar

Você percebeu recentemente que tem algo estranho acontecendo com o YouTube, mas ainda não entendeu muito bem do que se trata? Ou mesmo assistiu um vídeo anunciando de forma alarmante o fim do YouTube como conhecemos, ficando com uma pulga atrás da orelha?

Calma meu amigo, minha amiga, pois neste artigo nós vamos te explicar tudinho sobre essa tal crise entre o YouTube, os anunciantes e os youtubers, e porque você deve sim se preocupar com tudo isso. Acompanhe.

O que aconteceu com o YouTube?

O que está acontecendo com o YouTube?

Nas últimas semanas o YouTube tem enfrentado um boicote por parte de seus anunciantes após descobrirem que as suas publicidades vinham sendo veiculadas junto a vídeos extremistas e outros conteúdos ofensivos, levando muita gente a acreditar que isto poderia ser o começo do fim do YouTube.

Tudo teve início com um relatório, feito pelo jornal internacional The Wall Street Journal, revelando a incapacidade da Google em garantir a não exibição de anúncios ao lado destes conteúdos contestáveis.

Este relatório levou marcas como, Coca-Cola, Amazon.com e Microsoft a boicotarem suas publicidades em massa, criando uma reação em cadeia.

Imediatamente a Google prometeu às empresas a resolução do problema através da implementação de novas (e melhores) ferramentas e práticas de moderação, no entanto vários outros grandes anunciantes como a PepsiCo, Walmart, Starbucks e GM seguiram retirando suas publicidades da plataforma, formando um gigantesco êxodo de mais de duzentas empresas.

Como você já deve estar imaginando, o prejuízo do site de vídeos mais popular do mundo chegou num nível nunca antes visto, e obviamente alguém vai ter que pagar esta conta.

E como a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, é para os criadores de conteúdo que a conta acaba de chegar.

Primeiras mudanças

Entre as primeiras mudanças que o YouTube está implementando para proteger seus anúncios está a nova política que restringe quem pode lucrar com a publicidade – também conhecido como monetizar vídeos.

Agora, o Programa de Parceiros da plataforma está estipulando que apenas os canais que tiverem pelo menos 10 mil visualizações no total, poderão exibir anúncios e serem monetizados.

Os canais que já atingiram este número e já lucram com o programa não serão afetados, mas os novos parceiros agora passarão a ser avaliados.

O Programa de Parceiros da plataforma permitiu que muitos canais ganhassem dinheiro rapidamente nos últimos anos, mesmo quando seus conteúdos eram ofensivos ou de gosto duvidoso.

De acordo com o YouTube, o limite mínimo de 10 mil visualizações já é o suficiente para fornecer informações sobre a validade do canal, ao mesmo tempo que oferece “um impacto mínimo em nossos aspirantes a criadores”.

Mas, teve uma mudança que deixou principalmente os youtubers mais desbocados inconsoláveis, que foi a desmonetização dos propagadores de palavrões ou qualquer outro tipo de conteúdo questionável.

Isso mesmo! Agora o YouTube adotará um perfil mais Family Friendly, priorizando conteúdos para a família, e quem não se adaptar à estas mudanças, não irá mais ganhar dinheiro com anúncios.

Isso deu “uma merda do cacete” e, da noite pro dia, grandes youtubers como o Felipe Neto viram seus lucros despencarem mais 90%. Um verdadeiro apocalipse.

O que aconteceu com o YouTube? Devo me preocupar? - Mobizoo

O tamanho do problema

O YouTube se tornou nos últimos anos o maior repositório de vídeos da Internet, e, por conta da quantidade incalculável de conteúdos publicados todos os dias, nunca teve fôlego suficiente para avaliar criteriosamente tudo que passa por lá.

Com essa “brecha”, a plataforma acabou tornando-se também o espaço utilizado por muitos para difusão de conteúdos ofensivos, discursos de ódio, propagandas terroristas, e tudo de pior que o ser humano possa produzir nas profundezas da web.

Acompanhe só o tamanho do problema:

  • O YouTube processa 400 horas de vídeos, carregando, a cada minuto;
  • 1 bilhão de horas de vídeos são consumidos diariamente;
  • Tudo isso movimenta cerca de US$ 11 bilhões em receita (estes foram os números do ano passado).

O problema é que boa parte destes vídeos são conteúdos dos quais os anunciantes não querem estar vinculados, principalmente com o clima político atual, quando tornam-se cada vez mais populares os criadores de conteúdos extremistas e discursos de ódio.

Diante deste volume gigantesco de vídeos processados diariamente, o YouTube viu-se agora estruturalmente incapaz de policiar sua plataforma e talvez, até mesmo, hesitante em fazer uso de métodos de moderação mais pesados.

O que mais preocupa as empresas é a impossibilidade dos negócios do YouTube operarem em sua escala atual com a moderação humana necessária para garantir que nenhum anúncio seja colocado em um vídeo censurável.

De qualquer forma, a Google está disposta a tentar mudar sua gestão de conteúdos, mesmo que seja para conter a retirada das publicidades:

“Começamos uma extensa revisão de nossas políticas de publicidade e assumimos o compromisso público de implementar mudanças que deem às marcas mais controle sobre onde seus anúncios aparecem”

“Também elevamos a barreira das políticas de anúncios para proteger ainda mais as marcas de nossos anunciantes”.

Entre as primeiras novas ferramentas de filtragem prometidas pela empresa estão, o uso de inteligência artificial que detecte linguagens ofensivas e outros conteúdos dentro de um vídeo e sinalize-o.

Porque você deveria se preocupar

A preocupação aqui não diz respeito a quem está perdendo ou ganhando dinheiro com o YouTube – isso o mercado sabe bem como se adaptar, mas sim à quantidade crescente de conteúdos que ferem o respeito à humanidade, propagando o ódio e a intolerância livremente, e ainda, lucrando com isso.

Tão preocupante quanto, pelo menos até agora, é o reconhecimento da demonstrada falta de controle da plataforma sobre o que é exibido no YouTube. Ou seja, conteúdos que, sem moderação, podem influenciar negativamente pessoas de todas as idades em todos os países de maneira livre, seja pelo computador, tablet ou celular propagando mensagens de intolerância e extremismo entre outros conteúdos questionáveis.

Conclusão

Mesmo diante dos questionamentos acerca do que é um conteúdo ofensivo ou de até onde a moderação poderá agir eticamente, analistas e especialistas em mídias acreditam que esta crise não é o fim do YouTube, mas sim um processo de adaptação necessária para a comunicação na plataforma e que todos os meios de comunicação em massa já passaram, ou passarão, por processos de regulamentação que garantam o desenvolvimento de sociedades mais justas.

Portanto, quem não se adaptar e adotar uma postura mais consciente em relação ao conteúdo que produz e veicula estará sujeito a desaparecer, cair no esquecimento e não receber mais nem um centavo por seu trabalho como comunicador e influenciador social, para o bem de todos.

E você, o que acha disso tudo? Comente! Compartilhe!

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Susane de Godoi

Sou publicitária, pedagoga e produtora de conteúdo, e aqui no Mobizoo encontrei meu cantinho na web para descomplicar a tecnologia através de guias simples e práticos, e também para falar sobre comportamento digital e seus impactos.

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