Os smartphones estão se tornando uma parte fundamental de nossas vidas, então é natural que pesquisadores comecem a desenvolver todo tipo de estudos sobre seus impactos para a humanidade no curto e no longo prazo. A pergunta “estamos ficando menos inteligentes” sempre esteve nas cabeças de grandes estudiosos, e hoje está mais forte que nunca.
Recentemente me deparei com dois artigos muito reveladores sobre esses impactos; o primeiro, do El País, focado na era da “distração em massa”, e o segundo, do Wall Street Journal, centrado no enfraquecimento gradativo da nossa inteligência, resultado da dependência continua destes equipamentos.
O textos levantam pontos bastante relevantes para quem (como eu e você) consome intensamente esse tipo de tecnologia já há algum tempo, e que, por conta disso, já sente alguns sinais de deterioração na capacidade de concentração e memorização, por exemplo, mesmo sem entender os porquês.
Já falamos aqui sobre os prejuízos causados pelos smartphones nas relações sexuais e até na nossa relação com a comida, mas ainda estávamos devendo uma reflexão sobre a influência desses retângulos brilhantes sobre nossas mentes. Com estudos pipocando por todos os lados, sinto que essa hora chegou.
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O fim da memória e da concentração?
Hoje em dia, com um smartphone no bolso, estamos sempre a poucos segundos de qualquer informação.
Isso e ótimo do ponto de vista prático – já que não temos mais que ocupar nossos cérebros com tantos dados (nem sempre úteis), mas péssimo do ponto de vista cognitivo: delegando nossos saberes para um dispositivo, estamos atrofiando um “músculo” fundamental para a forma mais primal de aquisição de conhecimento: a memorização.
E não é so isso: os smartphones também prejudicam nossa concentração através de suas infinitas formas de sugar atenção, algo que Joseba Elola, batiza de cara, em seu artigo para o El País, de “arma de distração em massa“.
Segundo ela, a sensação de estar perdendo alguma coisa (do inglês: fear of missing out), cria uma angústia persistente em todos nós, fazendo com que sempre voltemos às nossas telinhas em busca de “novidades”:
Essas pílulas de informação que consumimos através do celular geram descargas de dopamina como as que o cérebro de um fumante recebe no momento em que ele acende um cigarro. Por isso voltamos com obstinação em busca de novos caramelos digitais.
De modo geral, com o enfraquecimento da memória e da concentração (ou dispersão da atenção), temos um cenário bastante perigoso para o futuro da humanidade, onde os questionamentos e aprofundamentos sobre nossas agendas mais importantes se perdem num mar de superficialidade e excessos.
Esse é um dos principais motivos pelos quais temos a sensação constante de que estamos ficando menos inteligentes, e já é hora de fazermos algo a respeito.
Uma máquina de emburrecimento?
O artigo do WSJ cita diversas pesquisas publicadas por universidades americanas e inglesas que provam, de alguma maneira, que pessoas mais conectadas a seus celulares apresentam menor “capacidade cognitiva disponível” quando desafiadas lado a lado de seus pares menos conectados.
O mais impressionante deles, colocou num mesmo teste de solução de problemas dois grupos de estudantes universitários – o primeiro com seus celulares disponíveis e o segundo sem –, resultando num dado chocante, apesar de previsível: todos sem celular se saíram consideravelmente melhor no teste.
Segundo os pesquisadores, diversos aspectos dos celulares modernos contribuem para essa “diminuição da inteligência”, entre eles o excesso de estímulos, a distração contínua e a divisão da atenção causada pelos múltiplos aplicativos.
Um deles vai além, e dispara: “quando a proximidade do celular aumenta, o poder do cérebro diminui”.
O começo do fim?
Eu e muita gente que trabalha com Internet desde seus primórdios achávamos que esta seria a ferramenta definitiva de potencialização do cérebro humano. Ainda mais após a facilitação de seu acesso, a qualquer hora e em qualquer lugar, na palma da mão.
Infelizmente, o que vemos hoje é a concentração de poder e influência nas mãos de Google e Facebook, o show de bizarrices em forma de vídeo no YouTube, a ultra exposição da vida privada nos Stories, a quantidade enorme de ruído gerado pelas timelines e suas pílulas de informação superficial (e muitas vezes falsas), e por fim, a nossa total incapacidade de promover e participar de debates sem que tudo acabe como uma grande briga de torcidas.
Se isso tudo ainda não representa uma prova cabal do nosso emburrecimento enquanto homo sapiens, eu sinceramente não sei mais o que poderia ser.
E você, o que acha disso tudo? Concorda que todos nós estamos ficando menos inteligentes por causa dos smartphones? Deixe suas opiniões nos comentários!