Talvez você ainda não saiba o que é síndrome da vibração fantasma, mas certamente já experimentou esse fenômeno. Basta forçar um pouquinho a memória e lembrar daqueles momentos em que você jura que o seu celular estava vibrando na sua perna, só que ele nem estava ali.
É assustador, e também um sinal de que precisamos regular melhor o tempo que passamos colados nesses dispositivos.
Nesse artigo vou explicar em detalhes o que é esse “truque” do seu cérebro, e dar dicas para você evitar que isso aconteça novamente.
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O que é a síndrome da vibração fantasma?
A síndrome de vibração fantasma, é a sensação de sentir a vibração de um dispositivo eletrônico que não está realmente vibrando. Ou seja, uma falsa sensação de vibração.
Este fenômeno psicológico é relativamente recentemente. Seu maior reconhecimento aconteceu a partir de 2010. Em 2012, a síndrome da vibração fantasma (Phantom Vibration Syndrome – PVS) foi escolhida como uma das “Palavras do Ano” na comunidade médica.
Pouco tempo depois, um estudo norte-americano, envolvendo um pequeno grupo de estudantes universitários, calculou que cerca de 9 em cada 10 entrevistados já haviam experimentado a sensação da vibração fantasma. Os participantes relataram que muitas vezes, seus dispositivos nem estavam próximos ao corpo.
A pesquisa concluiu também que havia uma frequência média desta ocorrência: em média, uma vez a cada 14 dias. Com as frequências mais altas sendo de até duas ocorrências por dia.
A partir deste estudo bastante simples, os pesquisadores sugeriram também que havia uma correlação entre as reações emocionais dos usuários, com os sinais de seus dispositivos.
O que pode causar a síndrome da vibração fantasma?
Pesquisadores, psicólogos e estudos financiados por diferentes universidades já apresentaram várias hipóteses para explicar a síndrome da vibração fantasma.
Mas, muitos destes estudos acreditam que o cérebro se condiciona a sentir com certa frequência as vibrações de um telefone ou dispositivo. Isso porque, a transmissão neural que ocorre quando o telefone está realmente tocando é a mesma que ocorre com a falsa sensação.
As vítimas desta síndrome ficaram tão acostumadas a sentir ou ouvir seu telefone vibrar e tocar com a chegada de novas notificações, que seu cérebro fica à espera de mais dessas explosões neurais, e falsamente envia os sinais.
Desta forma, não há como diferenciar entre os falsos estímulos neurais, dos verdadeiros estímulos neurais. A única forma do paciente saber é verificando o telefone e constatando que não foi seu celular que vibrou. Mas sim, foi uma vibração fantasma.
Vários fatores já foram reconhecidos como possíveis causas deste fenômeno. Mas, o principal deles é o número médio de vibrações que o paciente recebe diariamente.
A chegada constante deste estímulo cria um condicionamento na vítima da síndrome. Levando-a a sentir regularmente as vibrações do telefone. O volume do som do telefone e sua configuração de vibração também afetam o condicionamento físico do paciente.
As vibrações frequentes e demoradas que ocorrem em intervalos regulares, condicionam o comportamento. Isso leva o usuário do dispositivo a ficar sempre alerta para receber uma nova notificação. Seu cérebro criará expectativas sinápticas, que se manifestam como uma alucinação física.
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Principais vítimas
As pessoas que usam intensamente seus telefones, seja para negócios ou com os amigos. Ou ainda, pessoas que dependem do recebimento de múltiplos alertas. Estes grupos, naturalmente, sentirão muitas vibrações verdadeiras de seu telefone. E, quanto maior for essa frequência, maior será a quantia de vibrações fantasmas experimentadas, também.
Como o tempo médio entre as recepções digitais farão com que o cérebro fique esperando uma vibração acontecer, dentro deste intervalo de tempo o impulso pode seguir sozinho.
As gerações anteriores não possuíam telefones celulares. Mas podemos encontrar a semelhanças desta síndrome em outros casos de riscos ocupacionais do passado.
Como, por exemplo, ocorre com os profissionais que fazem uso intenso de brocas ou britadeiras. Mesmo quando já estão em casa, após o trabalho, eles ainda sentem seus antebraços vibrando. Os impactos contínuos da vibração real provocam uma sensação fantasma.
Assim também ocorre com pessoas amputadas, que experimentam a sensação de membros fantasmas.
A química do cérebro é outro fator importante. Pessoas com depressão, transtornos compulsivos, déficit de atenção e ansiedade, por exemplo, podem ter experiências mais intensas com a vibração fantasma.
Como tratar
Os tratamentos para a síndrome da vibração fantasma são parecidos com as técnicas da terapia de reestruturação cognitiva.
Como o paciente deve alterar seus padrões de comportamento, existem algumas técnicas imediatas para tratar as vibrações fantasmas. Como estas dicas abaixo:
- Desligue o modo “vibrar” nas configurações do telefone, para que o telefone apenas toque quando receber uma chamada. Além disso, o “Vibrar em Silencioso” deve ser desligado também;
- Altere o toque do seu telefone periodicamente para evitar um condicionamento auditivo;
- Reduza o tempo gasto com seu smartphone;
- Desligue o telefone quando estiver na cama. Ou melhor, deixe o telefone na sala. Lembre-se que um telefone recebe sinais constantemente. Fique longe desta inundação de radiação eletromagnética;
- Evite transportar o telefone no bolso;
- Use o modo avião sempre que possível. Isso reduzirá as vibrações reais, mas também a radiação do campo eletromagnético de radiofrequência. A saúde agradece!
- Personalize as notificações para o alerta ou para a vibração, dependendo do contato que estiver chamando;
- Reduza a nuvem de radiação eletromagnética em que você vive. Desligue roteadores sem fio e adaptadores de rede em sua casa, ou utilize temporizadores. Isso ajuda a melhorar o sono, pois reduz os sinais de rádio em torno de seu sistema nervoso.
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