Por conta da realidade econômica do país, muita gente passou a comprar smartphones usados, seja nas grandes lojas online, ou nos grupos de venda e troca. O único problema: o número de aparelhos roubados em circulação no país é gigantesco, e a maioria das pessoas não sabe como identificar um celular roubado na hora da compra.
Por isso eu preparei um guia simples com todos os itens que você precisa verificar na hora de fechar o negócio. E se você seguir tudo bonitinho, certamente vai ficar bem longe das ciladas.
Valor de venda muito abaixo do valor de mercado
A primeira dica é bem básica, mas as vezes a ansiedade impede que as pessoas enxerguem o óbvio: se o aparelho que você quer comprar apareceu pela metade do preço, desconfie. E isso serve tanto para usados quanto para novos.
Acredite, se o preço está muito abaixo do que se vê no mercado, alguma coisa esse aparelho tem de errado. Se ele é novo, pode ser fruto de carga roubada, por exemplo, e se ele é usado, pode ter um problema oculto que você só irá descobrir quando chegar em casa (incluindo bloqueio por furto).
Sinais estranhos
Uma das coisas mais importantes na hora de comprar um usado é verificar se tudo está funcionando direitinho no aparelho, por isso pode separar pelo menos uns 30 minutos do seu dia para olhar tudo com calma.
Sim, o vendedor/vendedora vai ter que esperar. Se ele ou ela ficar te pressionando, ou aparentar muita pressa, considere este o primeiro sinal de que algo está errado.
E pior ainda, se durante os seus testes aparecerem no telefone algumas notificações que você nunca viu na vida, avisando sobre “ações não autorizadas”, “erro de serviço” ou algo do gênero, é melhor correr, pois as chances são grandes de que o aparelho tenha sido adulterado para revenda após um roubo.
Bloqueio de conta Google ou iCloud
Você certamente já deve ter visto por aí algum anúncio avisando “celular bloqueado na conta Google” ou “celular bloqueado no iCloud”, mas infelizmente não é todo mundo que tem o bom senso de colocar esse “pequeno detalhe” na descrição.
Quase que 100% dos aparelhos vendidos nesta condição são fruto de roubo, já que, normalmente, a primeira coisa que alguém faz quando tem o celular roubado é bloquear essas contas remotamente para que seus dados pessoais não sejam acessados.
Portanto, se você for encontrar alguém para fechar negócio e perceber que o aparelho não sai da tela de ativação de conta, dê meia-volta e vá embora, pois trata-se de uma baita cilada, Bino!
- Veja também: Como comprar celular usado: cuidados e testes
E tem mais: em qualquer grande centro é possível encontrar “técnicos” especializados em desbloquear contas Google ou Apple, o que torna nossa missão de saber a procedência de um dispositivo ainda mais difícil.
No caso do Android, alguns sinais do sistema podem “dedurar” que o aparelho foi roubado, teve a conta bloqueada, e depois desbloqueada:
- Logue-se com sua conta Google normalmente, e em seguida tente instalar um aplicativo na Play Store. Se aparecer algum tipo de erro e você não conseguir concluir a instalação, é por que há algo estranho no sistema de ativação do aparelho.
Como consultar se o celular tem IMEI bloqueado
Outra característica comum entre os celulares roubados é o IMEI bloqueado. Se você ainda não sabe, o IMEI é uma espécie de “CPF do celular”, que uma vez bloqueado pelo antigo dono impede que o dispositivo seja usado em qualquer rede celular. Ou seja, não dá para fazer/receber ligações, e nem acessar a Internet 3G/4G com ele (mas o WiFi e as demais funções continuam OK).
Identificar um celular roubado que teve o IMEI bloqueado é bem fácil, já que basta você colocar seu chip de operadora no aparelho, e perceber que ele não se conecta de jeito nenhum nem na rede celular, nem na rede de dados, nem em nada.
Normalmente as mensagens que aparecem são:
- “Somente chamadas de emergência”;
- “Impossível conectar, tente mais tarde”;
- “Não registrado na rede”.
Se você não está com o aparelho em mãos, pode consultar se o IMEI dele é válido no site da Anatel.
O problema é que já existem diversos métodos para desbloqueio de IMEI sendo utilizados por “técnicos” especializados associados ao mercado negro, o que faz com que milhões de aparelhos roubados voltem a circular como se nada tivesse acontecido.
Nesse caso nem adianta pedir para o vendedor o IMEI do aparelho e colocá-lo no site de verificação da Anatel, pois ele irá aparecer como regular, mesmo se tratando de um celular roubado.
Mas espere, pois eu tenho um segredinho para te contar.
Rastros de desbloqueio
Tá vendo essas três caixinhas inofensivas aí em cima? Pois então, essas são as maiores amigas dos smartphones Android roubados.
O que elas fazem? Elas desbloqueiam aparelhos com IMEI bloqueado! Ou seja, é através delas que celulares roubados voltam a ser vendidos como aparelhos “normais”. E você aí achando que bloquear IMEI realmente inutilizava o dispositivo. Inocente!
Só que tem um detalhe: o uso dessas caixinhas para desbloquear IMEIs deixa rastros no aparelho. Seria algo como “evidências de um crime” que te ajudam a identificar um celular roubado.
Tanto a Octoplus, quanto a Z3X e a Easy JTag instalam alguns arquivos no sistema para fazerem seu trabalho, e entre eles está o aplicativo habilitador de rede que é facilmente encontrado na lista de apps instalados no dispositivo. No caso da Octoplus, o app que “dedura” o celular adulterado é o OctoNetwork:
E é aí que chegamos no último tópico dessa lista.
IMEI adulterado
Todo celular possui seu número IMEI gravado em seu corpo. No caso de aparelhos com bateria removível, essa informação fica escondida atrás da bateria. E no caso de aparelhos “fechados”, com traseira de vidro ou alumínio, ela vem gravada na parte externa, geralmente na traseira ou em uma das faces laterais.
Além disso, essa informação costuma ser apresentada também na caixa do telefone, mas como estamos falando de aparelhos usados, não é sempre que você terá ela à sua disposição.
Este número, gravado no corpo do aparelho, é o seu número IMEI original, aquele registrado nos órgãos oficiais reguladores de telecomunicações, e funciona como uma “certidão de nascimento” do dispositivo, gerada ainda na fábrica.
Os celulares roubados, que passaram pelos procedimentos de desbloqueio que citei anteriormente, possuem número IMEI adulterado, diferente daquele original que aparece gravado em seu corpo.
Para saber se o IMEI original de um telefone foi adulterado, basta digitar no discador o código universal *#06# (funciona tanto no Android quanto no iPhone). Se o número que aparecer na tela for diferente do que está gravado no corpo do aparelho, parabéns! Você acaba de identificar um celular roubado!
Celulares que tiveram a placa principal trocada na assistência técnica também apresentam IMEI diferente do que está gravado na carcaça. Nesse caso, exija um comprovante do serviço no ato da compra para se certificar de que não se trata de um celular roubado (dica do leitor Julio César Serra Junior).Bom, agora que você já conhece diversas formas para identificar um celular roubado, fica fácil ficar longe dessas furadas.
Ficou com alguma dúvida? Deixe aí nos comentários que eu terei prazer em responder.