O videogame morreu e ninguém percebeu (ainda)

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O XBOX ONE X foi anunciado no último domingo e, apesar de toda a euforia que dominou a Internet nas últimas horas, uma constatação tem ecoado na minha cabeça desde então: o videogame morreu, pelo menos do jeito como o conhecemos.

São diversos fatores que me levam a acreditar nesta triste conclusão, e neste artigo eu vou apresentar a você cada um deles. Acompanhe.

crescer com o mesmo console - o videogame morreu?

Adeus aos ciclos de vida enormes

Lembra quando você podia comprar um novo console de videogame com a certeza de que ia poder usufruir dele durante os próximos 6-8 anos? Pois é, esse tempo passou.

As duas grandes “donas” do mercado de consoles de mesa, Sony e Microsoft, já deixaram bem claro em lançamentos recentes que seus videogames se tornarão “obsoletos” no prazo de 1 ano.

Veja o caso do XBOX por exemplo: o XBOX 360 foi lançado em 2006, e seu sucessor, o XBOX ONE, foi lançado apenas em 2013. Ou seja, um ciclo de vida de 7 anos.

Três anos depois do lançamento do XBOX ONE chega ao mercado o XBOX ONE S (2016), e logo depois (2017), chega o XBOX ONE X. Percebeu?

Na Sony a história se repete com a versão Pro do Playstation 4 lançada no ano passado, e uma nova versão planejada para este ano.

Com isso a ideia de geração vai ficando para trás, e os videogames entram no mesmo ritmo de atualizações anuais dos smartphones tops de linha.

Perde-se aquele sentimento de bem durável, que vai fazer parte da sua vida por um tempão (muita gente cresceu com um videogame), isso sem falar do fator econômico, que certamente irá pesar muito mais neste novo modelo.

atualização PS4 - o videogame morreu?

Consoles cada vez mais perto dos computadores

Qual era a grande vantagem dos videogames sobre os computadores para games? A resposta é bem simples, e tem a ver com praticidade.

Antigamente o videogame era aquele aparelho maravilhosamente simples, que você só precisava LIGAR e apertar o START para começar a diversão. Infelizmente não é mais assim.

Hoje em dia os consoles já ligam pedindo atualizações, login em conta, troca de perfil, sincronização de dados, e o “C@%&# à 4”. Afinal, eles não são mais “apenas” videogames, são verdadeiras centrais de entretenimento conectadas, com acesso à uma infinidade de serviços.

E tem mais: depois de muito tempo utilizando arquiteturas de hardware desenvolvidas especificamente para a jogatina (MIPS, Power, Cell), Sony e Microsoft resolveram adotar em seus consoles mais recentes a mesma arquitetura dos PCs, ou seja, a x86.

As fabricantes alegam que esta mudança teve como foco a melhoria da retrocompatibilidade desses consoles com jogos de gerações anteriores, porém, no final das contas, o fato é que tal medida resulta numa queda de custos para as desenvolvedoras, que antes precisavam adaptar seus jogos para cada uma das diferentes arquiteturas (PC, Playstation e XBOX).

A pedra no sapato da indústria é a Nintendo, que continua utilizando arquiteturas específicas em seus dispositivos.

nintendo switch no caminho certo - o videogame morreu?

Parece que só a Nintendo entendeu o que está acontecendo

Não adiantar fazer cara feia: a Nintendo é a única grande empresa do setor que vem tentando inovar no setor (melhorar gráficos não é inovar, ok?). E isso desde o Wii.

A casa de Mario e Zelda foi a grande responsável pela popularização dos controles por movimento a partir de 2006 com o Wii, em 2012 deu os primeiros passos em direção ao console híbrido com o Wii U (mesmo que ainda de forma precária), e finalmente este ano lançou o Nintendo Switch, que acerta em cheio na palavra de ordem dos nossos tempos: mobilidade.

Você já reparou que cada vez mais crianças e adolescentes estão deixando de lado seus antes inseparáveis videogames portáteis, e partindo para a jogatina no celular? Pois então, é para esse público que todas as fabricantes e desenvolvedoras deveriam estar olhando, mas parece que só a Nintendo o faz.

Veja os últimos movimentos da empresa: o lançamento de Pokemón GO e Super Mario Run para celulares, o anúncio de que um Zelda também está à caminho, o próprio Nintendo Switch, e o lançamento de edições miniaturizadas de seus consoles clássicos; o NES e SNES (em breve), que na minha opinião representam a certeza já estabelecida dentro da empresa de que os consoles que nos acompanharam na infância viraram “objetos de museu” ou “artigos retrô”.


E você, o que acha disso tudo? Concorda ou discorda que o videogame morreu? Deixe suas opiniões nos comentários.

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Anderson Mansera

Especialista em Tecnologia e Design com mais de 20 anos de experiência no mercado de produtos eletrônicos e soluções digitais, com participação em eventos internacionais e projetos para grandes empresas. Retrogamer e tecladista nas horas vagas.

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