Se preciso de um livro recorro à Amazon. Se preciso de um eletrônico, Amazon. Se preciso de um armário para o banheiro, Amazon. No ano passado, quando a gigante norte-americana anunciou a venda oficial de produtos eletrônicos no mercado brasileiro, pensei que teríamos uma revolução no e-commerce nacional. E, aparentemente, eu tinha razão!
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Essa semana, a Reuters publicou um artigo falando sobre a evolução da Amazon no Brasil como consequência do desenvolvimento dos competidores locais, com destaque para o Magazine Luiza. Em outubro do ano passado, a empresa gringa passou a oferecer produtos de terceiros em sua plataforma, o famoso marketplace.
Com isso, os varejistas nacionais acenderam uma luz vermelha e começaram a agir. O resultado é que as lojas nacionais passaram a oferecer melhores opções de compras online. Em outras palavras, o Brasil precisava mais da Amazon do a Amazon do Brasil!
O Brasil em busca da cultura da compra online
Por questões econômicas e culturais, os brasileiros são ressabiados quando o assunto é adquirir produtos pela internet. De acordo com um estudo da Agência Brasil, 49% dos participantes disseram enxergar o pagamento de frete como o lado negativo da compra online. Para 42%, pesa a falta de experimentar o produto e não poder levá-lo para casa imediatamente após a compra. Já a insegurança de não receber a mercadoria foi a preocupação de 30% dos entrevistados.
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Em outubro do ano passado, então, varejistas como o Magazine Luiza, que possuem inúmeras lojas físicas em diferentes estados do país, se viram ameaçados pela Amazon, bem como pela evolução natural do mercado. Logo, tiveram que se adaptar e, como consequência disso, temos hoje uma previsão de crescimento do comércio online para 2018 superior a 20% do valor arrecadado em 2017.
Olhando para o passado, temos uma ideia melhor do que isso representa. No ano de 2016 tivemos uma queda de 2,3% no varejo online; já em 2017 o crescimento foi de apenas 2,7%.
É claro que a Amazon ainda precisa e vai expandir muito no Brasil, pois até o momento possui uma estrutura muito pequena comparado a todo o potencial da empresa. Além disso, ainda está entendo as regras de distribuição locais e, claro, aprendendo a se adaptar à burocracia e ao sistema de taxação locais.
Do lado de companhias como a Magazine Luiza, tivemos algumas ações interessantes para fazer com que o brasileiro perdesse o ranço com a compra online. Um deles, e sinceramente muito inteligente, foi oferecer duas etapas de compra, uma online e a outra física. O que pode parecer loucura em outras culturas, está ajudando o e-commerce nacional.
A concorrente nacional da Amazon, oferece a chance de realizar a busca e a compra no seu site ou aplicativo e, para tranquilidade do cliente, a oportunidade de buscar o produto em uma das sedes físicas da empresa.
Contudo, isso vai contra toda a ideia de comodidade oferecida pela compra de um bem de consumo pela internet. Neste momento, pode não ser assim no Brasil, mas na hora em que as pessoas perceberem que podem acessar um site, realizar uma compra e ter o produto entregue na porta de casa em até 24 horas, o país pode, finalmente, abraçar o processo completo do varejo online. E a Amazon estará ali de braços abertos, bem como as suas concorrentes locais.
Os Correios são o empecilho da compra online no Brasil
“A cada 7 minutos, uma remessa dos Correios é levada no Rio”, esse foi o título de uma notícia do jornal O Globo, de março deste ano. O roubo de cargas – encomenda ou correspondência – no Rio de Janeiro acontece todos os dias, num volume absurdo.
Dados obtidos pelo jornal mostram que, de janeiro a outubro do ano passado, foram registrados 62.577 casos de remessas roubadas ou furtadas de veículos ou de funcionários dos Correios em território fluminense (61.170 roubos e 1.407 furtos). A Cidade Maravilhosa ficou atrás apenas de São Paulo, que somou 95.472 casos (50,1%) no mesmo período.
Como os Correios no Brasil não são uma instituição que inspira credibilidade e eficiência, acredito que a Amazon, a Magazine Luiza e outras varejistas deveriam fazer uma parceria para desenvolver, fiscalizar e modernizar os Correios. Outra opção seria criar um sistema de entrega privado para distribuir os milhares de produtos comprados via internet todos os dias. O que você acha?
Um coisa é certa, os brasileiros estão fazendo cada vez mais compras online e, como dito acima, de acordo com a E-Consulting, a expectativa de crescimento do e-commerce nacional é de mais 20%. Na minha conta do Twitter, fiz uma enquete a respeito do compra de eletrônicos pela internet e o resultado não foi diferente: 75% dos participantes afirma realizar suas compras online. Assim, é de extrema importância revitalizar os Correios.
Como você compra produtos eletrônicos hoje?
— Camila Rinaldi (@apequenarinaldi) 25 de abril de 2018
A atual saída da Magazine Luiza para fomentar o setor é mandar o cliente para a loja física. Agora, até quando chamar um Uber, enfiar um televisor de 55 polegadas no carro e subir até o apartamento com a ajuda do porteiro vai valer a pena? Eu prefiro receber tudo na porta de casa.
E aí, você compra online e recebe em casa? Compra online e busca na loja? Compra tudo na loja mesmo?