Lembra dos grandes games desafiadores “das antigas”? Jogos que comiam as fichas nos fliperamas e faziam os jogadores terem vontade de arremessar controles. Games como Contra, Ghouls’n Ghosts e Rayman, assim como Mega Man e Gunstar Heroes foram homenageados em um lançamento que já é considerado por muitos um “clássico moderno”: Cuphead.
Estou jogando essa verdadeira obra-prima há algum tempo, e nesse artigo eu conto tudo o que você precisa saber antes de jogar.
O game
Cuphead é um shooter de plataforma amplamente inspirado nas animações clássicas das décadas de 20/30, época um tanto quanto sinistra para os desenhos infantis.
Todo desenhado à mão, o game vêm chamando atenção pelo seu nível de desafio e por seu estilo retrô fiel e muitíssimo bem-feito. Mas, quem são seus criadores e qual a história por trás do game? Descobriremos mais a seguir!
O estúdio MDHR e o game dos sonhos
Anunciado em 2014, Cuphead foi uma aposta inicial ousada do MDHR Studio (Moldenheuer) – composto por apenas dois irmãos: Chad, Diretor de arte e Jared, Game designer – já que a sobrevivência do estúdio dependia de seu sucesso.
O desenvolvimento do game foi iniciado em meados de 2010, utilizando um escopo muito menor do que o produto final, de apenas oito batalhas contra chefes, tamanho esse que a equipe original de apenas 3 pessoas (contando com Maja Moldenhauer, artista talentosíssima) poderia cumprir.
Depois de uma ótima recepção na E3 de 2015, o estúdio decidiu que um escopo maior poderia ser um ótimo investimento, trazendo mais tempo de gameplay para os novos fãs que chegavam aos montes, cheios de expectativas e retornos positivos do material que visualizavam. O resultado disso foi a adição de mais chefes e as famigeradas fases de plataforma (na minha opinião, o ponto mais difícil do game) espalhadas no cenário, além de mais tempo e esforço investido, aumentando o prazo para lançamento e a equipe que trabalhava em cima do game.
O resultado final
Em 2016, não tivemos muitas notícias do game, que surpreendeu a todos em seu lançamento em 29 de setembro deste ano (2017). O resultado foi um game incrivelmente polido, muito bem-feito, com um desafio absurdamente alto, e chamado por muitos como “o Dark Souls de plataforma” (apesar de eu achar que tenha uma similaridade muito maior com clássicos como Contra do que com Dark Douls).
O desafio alto, os chefões com ataques imprevisíveis e as fases exigem reflexos rápidos e tiros precisos para serem vencidos.
A Experiência com o game
Desde a tela de introdução conseguimos ver todo o esforço do estúdio em ambientar o game em décadas passadas. O estilo realmente faz com que o jogador se sinta interagindo com um desenho antigo, de modo que os sons, os gráficos, os movimentos dos personagens (todos animados à mão mesmo), e até mesmo a simulação de estar sendo executado em uma televisão antiga acabam dando o charme do game.
A história do game é simples: Cuphead e seu irmão Mugman vivem tranquilamente na ilha de Inkwell, até quando decidem adentrar os domínios do Rei Dado (King Dice) e seu grande . Lá, acabam perdendo suas almas para o diabo em pessoa durante um simples jogo de dados.
Para terem suas almas poupadas, existe uma alternativa: Coletar as almas de todos que devem para o capiroto, e é essa tarefa que você deve executar, justificando a quantidade de chefões enfrentados no game.
Essas batalhas ocorrem em diversos ambientes, divididos entre dois tipos de combates: terrestre ou aéreo. Quando o combate é terrestre, você controla Cuphead em plataformas do modo convencional. Quando o tipo de batalha muda para combate Aéreo, Cuphead controla um simpático aviãozinho que tem ampla mobilidade e pode mudar de tamanho para esquivar de ataques mais facilmente.
Upgrades
Para facilitar essa tarefa, você deve coletar moedas obtidas nas fases de “Run and Gun” (correr e atirar) entre os chefes, utilizando-as em locais de vendas de itens, separados em diferentes categorias. Pode ser possível equipar até 3 tipos de armas/balas diferentes e um aprimoramento.
Os diferentes tipos de armas facilitam o combate de acordo com o que a situação pede: para inimigos mais distantes, podemos utilizar um ataque teleguiado, para os mais próximos, podemos utilizar um ataque de menor alcance, maior potência e mais espalhado. Já o slot único para aprimoramentos dá um tom maior de estratégia: temos desde esquivas sem dano até mais pontos de vida (pagos com o preço de ter ataques mais fracos).
O desafio é realmente alto, e você morrerá várias e várias vezes até compreender melhor os ataques dos chefes em cada uma de suas versões, que vão mudando conforme ele vai sendo derrotado. O interessante é que ao morrer em um chefe, uma animação mostra até onde você conseguiu chegar, o que aumenta a frustração, mas dá um indicativo do que ainda falta para eliminar o inimigo.
Conclusões finais
Cuphead é um incrível game, feito com muito carinho por um time incrivelmente competente. Seu primor técnico e visual acabaram atrasando seu desenvolvimento, mas um jogo impecável como esse é um diamante em meio a tantos lançamentos que requerem incontáveis patches de correções para bugs e muita frustração de jogadores.
O desafio é tão atraente quanto frustrante, o que deve afastar um pouco jogadores sem tanta paciência. Entretanto, o game permite aos jogadores escolherem entre duas dificuldades na hora de enfrentar os chefes: Simples ou Regular. Na dificuldade Regular, temos mais formas e mais dificuldade, mas esse desafio torna o game ainda mais aproveitável, aumentando o valor replay x desafio, pois você morrerá MUITO mesmo (ou não, mas o game é bem difícil comparado aos jogos atuais).
Valendo cada centavo, Cuphead está disponível para PC na Steam por apenas R$ 37, e para XBOX ONE na Microsoft Store por R$ 77 (essa versão também roda no PC). Por enquanto, não há nenhuma previsão desse jogo sair em outras plataformas, como PS4 e Nintendo Switch.
E aí, vai encarar o desafio da xícara?