Morte digital: como preparar seu testamento

Você já parou para pensar como ficará todo o seu histórico na web após seu falecimento? Não? Então é bom se informar melhor sobre a morte digital, um problema muito recente que todos nós, seres conectados, teremos que enfrentar algum dia.

Com quem ficarão seus dados após a morte? Como ficam as páginas nas redes sociais? E quais os cuidados devem ser tomados para uma “passagem” tranquila? É isso que comentarei a seguir.

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Morte digital: de quem são os dados?

Um(a) finado(a) não pode mais acessar suas contas, certo? Mas quem pode acessá-las?

O Facebook por exemplo, argumenta que permitir outra pessoa a ter acesso ao conteúdo das mensagens privadas de um falecido, viola seus termos de privacidade.

Mas, o Facebook não é a única empresa de mídia social ou tecnologia que assume essa posição. Em 2016, a Apple se recusou a dar a senha da conta do marido à viúva que com ele compartilhava o iPad.

A Apple argumentou que, apesar da apresentação do dispositivo original e do número de série, além da certidão de óbito, não poderia conceder o acesso, por conta de sua política de privacidade, que tem como prioridade proteger o usuário.

Depois de um longo processo, a empresa finalmente cedeu.

A lei de sucessão de contas digitais é um assunto relativamente novo, e por isso é natural que algumas empresas ainda derrapem na hora de tratar essas situações.

Proteção de dados

Claro que as empresas de tecnologia não estão paradas esperando para resolver estas questões. Muitas destas empresas possuem processos de gerenciamento de contas ou de sucessão ainda inativos. Mas, ainda assim, elas não permitem que os entes queridos tomem posse dos dados de seus usuários falecidos.

Agora, vamos dar uma conferida nas políticas de privacidade de alguns dos principais provedores de serviços e tecnologia da Web.

Facebook

Como já dissemos, o Facebook é bastante firme na proteção de dados de seus usuários. Uma vez que um usuário morre, a conta é encerrada ou memorializada. E este processo só fica disponível após a apresentação da certidão de óbito. Então, o Facebook faz duas verificações, além da autorização para agir em nome do falecido.

E mesmo que o Facebook lhe permita baixar todos os seus dados, este mesmo recurso não fica disponível após sua partida.

Twitter

Assim como o Facebook, o Twitter permite que uma operação elimine permanentemente o seu perfil. desta maneira, o Twitter determina que o titular da conta é a única pessoa que pode permitir o acesso direto, e afirma que: “Por motivos de privacidade, não podemos fornecer acesso a uma conta de usuário falecido, independentemente da relação que a pessoa tenha com ele”.

No entanto, o Twitter é um meio de comunicação mais público do que as mensagens privadas do Facebook e outras mídias sociais, por exemplo. Enquanto a conta não for excluída, ela permanecerá online, aberta para quem quiser navegar.

Contas Google

O Google possui um sistema mais robusto, mas isso não significa que seja mais fácil.

As contas do Google atendem a uma grande quantidade de serviços, como e-mail, hospedagem de documentos e dispositivos Android, entre outros. E cada um destes serviços exige uma atenção específica. Para isso existe o Gerenciador de Contas Inativas.

O problema é que a maioria das pessoas, principalmente mais jovens, não sabem quando irão partir. Por isso, no lugar de acreditar que um membro da família tem a senha, o Google monitora suas contas de acesso, como o uso do Gmail, dos logins do Android e muito mais.

Microsoft

Assim como o Google, a Microsoft possui uma das políticas de privacidade mais abrangentes da Web. No oficialmente conhecido como Microsoft Next of Kin Process, um ente querido, com a documentação correta, pode solicitar várias informações, incluindo: emails e anexos, lista de contatos e endereços.

As informações são fornecidas pela Microsoft. Mas, eles não fornecem a senha para a conta. Por isso, alguns usuários ficam desapontados quando percebem que não podem desbloquear um computador.

Para iniciar o processo no Brasil é necessário acessar a página de Custódia de Registros da Microsoft e verificar a documentação que comprove o falecimento.

Apple

Como mostramos anteriormente, a Apple é um dos fornecedores de tecnologia mais difíceis para se conseguir uma senha da conta de um falecido.

Oficialmente, quando uma pessoa morre, sua conta morre junto, é a morte digital. E claro, isso inclui músicas, filmes, fotos e muito mais.

Apenas uma ordem judicial pode conseguir que a Apple conceda o acesso à conta de um ente querido. Porém, algumas fontes não oficiais sugerem entrar em contato com o suporte do serviço na esperança de que o processo não seja tão doloroso.

WhatsApp

A linha oficial dos serviços da maioria dos aplicativos é parecida: as mensagens são privadas e pertencem aos contatos. Mas, acessá-los é muito mais fácil do que em outras plataformas de redes sociais.

Um smartphone pode ser o livro da vida de alguém. Se o telefone não tiver sua própria senha, permitirá o acesso a todos os aplicativos e informações do usuário.

Como preparar seu testamento

Para e pensa um pouco. Quantas contas online você tem? Sua lista pode ser bem grande. Se você salvou todas as suas combinações de nomes de usuário e senhas no seu navegador, você pode pesquisar e encontrar.

Mas, se você tiver um pouco de noção de segurança, talvez utilize um gerenciador de senhas. Eles mantêm suas senhas seguras e você só precisa se lembrar de uma senha difícil no lugar das suas inúmeras combinações.

O gerenciador de senhas pode ser a melhor forma de garantir sua segurança e a confiança nas pessoas amadas. Se o ente próximo usou um gerenciador de senha, ter apenas esta senha garantirá automaticamente o acesso extenso ao seu mundo online.

Um dos melhores gerenciadores de senha é o LastPass, que já introduziu um recurso de recuperação de senha para “pessoas que eu confio” visando especificamente os casos de óbito ou emergências. O serviço, chamado Acesso de Emergência, exige que você adicione previamente o(s) contato(s) de sua confiança.

Você pode utilizar também o Dashlane ou o PasswordBox, mas infelizmente, se os seus parentes mais próximos não estiverem listados como confiáveis, as senhas permanecerão seguras e inacessíveis.

A decisão

Mas, veja bem, muitas pessoas mantêm informações pessoais que não desejam compartilhar, digamos, com seus pais ou com outras pessoas próximas.

Nestes casos, o melhor a fazer é respeitar essa decisão, mesmo após a morte. A menos que o falecido tenha tomado as medidas que lhe garantem seus acessos. Claro!

Você já pensou ou já se viu diante de uma questão destas? Comente! compartilhe!

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Susane de Godoi

Sou publicitária, pedagoga e produtora de conteúdo, e aqui no Mobizoo encontrei meu cantinho na web para descomplicar a tecnologia através de guias simples e práticos, e também para falar sobre comportamento digital e seus impactos.

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