Se você ainda não sabe, o biscoiteiro (ou biscoiteira) é aquela pessoa que adora “aparecer” valorizando seus atributos físicos, enquanto desvia as atenções de suas limitações. De forma resumida, esse é o Motorola Moto G7.
O smartphone intermediário da Motorola chama atenção por estar mais lindo e mais caro do que nunca nesta sétima geração, mas esconde algumas limitações que podem desanimar alguns compradores.
Eu testei o modelo por algumas semanas com bastante atenção aos detalhes, e neste review completo eu conto tudo sobre a minha experiência.
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Moto G7: preço e disponibilidade
O Moto G7 é sem dúvida um dos lançamentos mais importantes do ano para a Motorola no mercado brasileiro de smartphones, já que a linha é uma das grandes responsáveis pelo sucesso da marca no país.
O modelo principal recebeu uma série de melhorias (como na tela, por exemplo), mas também teve um belo acréscimo no preço, sendo lançado por R$ 1.599, e ficando agora frente a frente com modelos avançados, como o Galaxy A7 2018 – que tem câmera tripla, o Zenfone 5 – que caiu de preço, e o conterrâneo Moto Z3 Play, que pertence à uma casta superior.
Isso certamente gerou muita muita insegurança nos fãs da linha, que agora só querem saber: será que o Moto G7 vale a pena por esse valor mais alto? Bom, para responder essa pergunta, vamos começar pelos prós e contras do dispositivo.
Atualização: O Moto G7 caiu bastante de preço desde o lançamento, e hoje já pode ser encontrado abaixo dos R$ 1.000.Moto G7: prós e contras
Prós:
- Design belíssimo e muito confortável;
- A melhor tela já vista na linha até hoje (finalmente o aquele branco rosado foi embora, e o notch é bem pequeno);
- Ótimo desempenho;
- Gaveta de chips suporta 2 nano sims e 1 micro SD ao mesmo tempo;
- Software atualizado, muito flúido e amigável.
Contras:
- As câmeras são boas, mas não empolgam;
- Não possui conectividade 4G+. Quem desejar esse recurso terá que adquirir o modelo mais caro, o Moto G7 Plus;
- Áudio do alto falante piorou um pouquinho com o reposicionamento, e som dos fones de ouvido pode ser baixo para algumas pessoas;
- A duração da bateria é apenas ok.
Moto G7: unboxing
Moto G7: Design
Sem dúvida nenhuma o Moto G7 é o Moto G mais bonito de todos os tempos, principalmente na versão com traseira branca – que aliás dá aquela dixavada esperta nas marcas de dedos.
Pode ser que você tenha visto em algum lugar que a traseira do Moto G7 é de plástico, mas posso te garantir: ela é de VIDRO.
- Veja também: Review Moto G7 Plus: valeu a pena esperar
Eu fiz o “divertido” teste que consiste em tacar um molho de chaves na traseira do aparelho para ver se arranha (e não arranhou), e também entrei em contato com a assessoria da Motorola para confirmar a informação: ela é mesmo de vidro com proteção Gorilla Glass.
Fino, leve e com ótima ergonomia graças ao corpo cheio de curvas, o modelo ganhou novo acabamento lateral cromado inspirado no Motorola One, que mais uma vez, chama bastante atenção, mas na verdade é plástico pintado (ó o biscoiteiro aí!).
- Veja também: Review Motorola One: no limite da razão
A vedação contra água e outros líquidos melhorou, e isso fica claro quando a gente tira a gaveta de chips do lugar e vê que ela agora possui uma borrachinha para isolar a porta.
A câmera traseira continua saltada como nos modelos anteriores, mas a capa transparente que vem inclusa na embalagem neutraliza completamente o relevo. Boa, Motorola!
Para seguir a tendência atual dos displays que ocupam quase toda a parte frontal dos smartphones, a Motorola teve que implementar no topo da tela do Moto G7 um recorte em forma de gota que abriga a câmera frontal e alguns sensores, e mudar a posição do alto falante de ligações para um novo espaço entre o vidro e a moldura da tela.
No final das contas, o arranjo deu super certo e todos passam bem, já que a disposição dos elementos ficou bastante harmoniosa, e o notch muito discreto.
Ah, e lembra como o leitor de impressão digital da geração 6 ficou “achatadinho”, disputando espaço com o nome “motorola” na parte frontal inferior do dispositivo? Felizmente isso foi resolvido!
A biometria agora fica na traseira, aplicada de forma muito sagaz no símbolo “M”, o que permitiu uma borda inferior muito menor abaixo da tela do Moto G7. O suficiente para abrigar apenas um microfone e o nome “motorola”.
O leitor na parte traseira não é meu posicionamento preferido, mas o fato é essa alteração deixou a frente do dispositivo muito mais bem resolvida esteticamente do que a do modelo anterior.
Moto G7: Tela
Esse é com certeza o item que recebeu o melhor upgrade em relação à geração anterior na minha opinião.
A Motorola finalmente ouviu minhas preces e trocou a tecnologia da tela do Moto G, tirando o LCD convencional e colocando um painel LTPS no lugar. Como eu esperava, isso deixou tudo MUITO melhor.
O preto ficou mais preto, o branco mais branco, os ângulos de visão melhoraram, e o contraste também. O brilho é forte o suficiente para uma boa visualização sob a luz do sol, e desce a níveis bem baixos em ambientes escuros, pegando leve com seus olhos.
Em suma: é a melhor e maior tela que um Moto G já teve.
Ah, e antes que eu me esqueça: aquele tom rosado do display que eu reclamava nas gerações anteriores foi embora (aê!), mas ele ainda está presente no Moto G7 Play.
- Veja também: Review Moto G7 Play: o rei do vai e vém
Moto G7: câmeras
Sinceramente, eu não notei um grande salto de qualidade neste setor em relação ao Moto G6. A câmera dupla traseira do Moto G7 continua fazendo fotos bacanas onde há boa iluminação, mas basta um clique dentro de casa para percebermos suas limitações.
Não temos aqui a estabilização óptica presente no Moto G7 Plus (que faz muita falta), e o alcance dinâmico do sensor principal não é dos melhores. Por sorte o HDR faz um bom trabalho em obter o melhor de cada cena.
Vamos aos exemplos:
Em ambientes fechados você já consegue notar um pouco de ruído e alguma perda de detalhes, mas nada muito constrangedor. A coisa fica feia mesmo é à noite, mas pelo menos os resultados não são tão ruins quanto os do Motorola One.
Nesta foto noturna, clicada no modo automático, você pode perceber como o processamento de imagem do Moto G7 elimina um bocado de detalhes do cenário ao comprimir os ruídos, deixando a imagem com aspecto “lavado”:
Felizmente o software da câmera conta com um modo manual bem completo, que permite que os usuários que entendem um pouco mais de fotografia possam fazer melhores ajustes de ISO, exposição e velocidade o obturador.
Para ficar claro, veja esta mesma foto dos Arcos da Lapa, primeiro no modo automático:
E agora no modo manual, com uma melhor regulagem:
O modo retrato da câmera traseira gera fotos com fundo desfocado interessantes, mas elas podem ficar um pouco escuras se o ângulo da cena não for o ideal. Veja:
Felizmente, a galeria do Google Fotos (que já vem incorporada no dispositivo) oferece um recurso muito útil e eficiente nesses casos, permitindo que o usuário corrija a iluminação da imagem em apenas 1 clique. É bem legal!
A câmera frontal me incomodou um pouco por estourar sempre as áreas mais iluminadas das capturas, e mesmo o modo retrato não empolga muito, já que os erros de recorte entre o plano definido e o plano desfocado são bem frequentes.
Confira a selfie “normal”:
E agora a selfie no modo retrato:
Conclusão: a câmera traseira é boa o suficiente para você postar aquela clássica foto biscoiteira no espelho da academia, dizendo “tá pago”, ou fazer uma bela cobertura das suas férias no nordeste, mas não espere milagres em situações fotográficas mais desafiadoras. Na câmera frontal você terá selfies apenas ok com boa luz, e bem ruinzinhas na balada.
Sendo assim, se você espera um pouco mais nesse quesito, é melhor dar uma olhada no Moto G7 Plus, ou tentar instalar a famosa GCAM no dispositivo para ver o que acontece.
- Veja também: Google camera: como instalar no seu celular
Moto G7: desempenho
Neste quesito temos mais um salto importante para o modelo em relação ao seu antecessor. O Moto G6 era equipado com um chipset da série 400 da Qualcomm, e o Moto G7 subiu de nível, vindo agora com um série 600, mais especificamente o Snapdragon 632.
Resultado: quase 40.000 pontos de diferença entre G6 e G7 no teste do Antutu:
E apesar da pontuação do Moto G7 ficar um pouco abaixo da concorrência, na prática o que eu experimentei no dia a dia foi um dispositivo extremamente veloz e flúido ao rodar os aplicativos mais populares. Não houve nenhum engasgo ou travamento, e a troca entre aplicativos sempre ocorreu sem esperas.
Além disso, a diferença de performance para modelos um pouco mais caros, como o Zenfone 5, ou o próprio Moto G7 Plus, foi quase imperceptível.
E para finalizar, eu gosto sempre de relatar algumas coisas estranhas que aconteceram durante as minhas semanas de uso:
- A Moto tela fica ligando sozinha quando há um ventilador ligado por perto (!?);
- Algumas vezes o Moto G7 demorou um bocado para retomar o sinal da operadora depois que eu saí de um ambiente sem cobertura. Uma vez eu entrei numa loja do primeiro piso de um shopping no Rio (que eu já sei que não tem sinal), e ao sair, mesmo depois de vários minutos, e já numa área aberta, nada do sinal voltar. Tive que ativar e desativar o modo avião para que ele voltasse;
- Eu achei a antena do Moto G7 um pouco fraca quando comparada à de outros aparelhos que tenho aqui, e por isso testei a recepção de sinal de todos eles para comprovar: Moto G7 (-108 db / 32 asu), Galaxy S7 (-104 db / 36 asu), LG G7 (-99 db / 40 asu), Moto G7 Play: (-98 db 42 asu). Para ficar claro, quanto menor o db e maior o asu, melhor é o sinal. Por isso, sim, o Moto G7 tem o sinal mais fraco entre os testados, e por incrível que pareça, o aparelho mais simples, o Moto G7 Play, tem o melhor.
Moto G7: bateria
Durante as minhas semanas de testes, a bateria do Moto G7 se mostrou plenamente capaz de garantir um dia inteiro de uso normal, suficiente para a grande maioria dos consumidores.
Ela só vai ficar devendo um pouco para os usuários mais hardcore, daqueles que jogam bastante ou não largam do smartphone nem por 1 segundo. Nesse caso, é bem provável que ela precise de uma recarga perto do fim do dia.
Felizmente o aparelho vem acompanhado de um carregador TurboPower que faz bem o trabalho de restaurar a energia do dispositivo rapidamente, mas é importante destacar que ele não é tão potente quanto o TurboPower que acompanha o Moto G7 Plus. Um traz 18 w de potência (G7), e o outro traz 27 w (G7 Plus).
- Veja também: Review Moto G7 Power: eu tenho a força!
Moto G7: som
A Motorola já tinha melhorado bastante os fones de ouvido dos Moto G da geração 5 para a 6, e nessa sétima geração eles mudaram para melhor mais uma vez.
Agora o acessório possui um belo acabamento em metal fosco, é leve e fica confortável nos ouvidos, e mais importante: o som está incrível, especialmente quando você usa a função Dolby, que faz uma equalização automática de acordo com a música.
Mas atenção: eu estou falando de qualidade, e não de volume. Eu já tenho quase 40 anos e por isso achei o volume máximo satisfatório, mas pode ser que a garotada que curte um death metal “no talo” sinta falta de um pouco mais.
O som do alto falante não é estéreo como o do Moto G7 Plus, mas ele continua alto e encorpado como nas gerações anteriores.
Eu notei um pouco de distorção no volume máximo, e talvez o motivo seja a alteração na posição da saída de som, que agora está na parte inferior do dispositivo.
Moto G7: ficha técnica
- Tela LTPS Full HD+ de 6,24 polegadas com proporção 19,5:9 (com notch em forma de gota);
- Sistema Android 9 Pie;
- Vidro Gorilla Glass (na frente e na traseira);
- Chipset Snapdragon 632 com processador octa core (1.8 GHz máx.);
- GPU Adreno 506;
- 4 GB de memória RAM (LPDDR4);
- 64 GB de armazenamento interno expansível via MicroSD;
- Câmera dupla traseira de 12 MP (f/1.8) + 5 MP (f/2.2);
- Câmera frontal de 8 MP (f/2.2);
- Leitor de impressão digital na traseira;
- Rádio FM;
- Bluetooth 4.2;
- Sistema de som Dolby;
- Sensores: luz ambiente, acelerômetro, proximidade, bússola, giroscópio;
- A-GPS, GLONASS;
- NFC;
- USB Tipo C;
- Bateria de 3000 mAh com carregamento rápido.
Moto G7: vale a pena?
Se suas prioridades num smartphone são; tela grande e de excelente qualidade, bom desempenho, software limpo e atualizado, conforto de uso e belo design, certamente ficará satisfeit@ com o Moto G7.
Agora, se você é bem exigente com fotografias e vídeos, faz questão de ter conectividade 4G+ e Bluetooth 5, ou mesmo busca maior autonomia (de bateria), há opções mais interessantes no mercado para você, como o Xiaomi Redmi Note 6 Pro, o Galaxy A7 2018 e o Zenfone 5.
No geral, podemos dizer que o Moto G7 tem toda pinta de ser um smartphone intermediário da categoria premium, graças à seu preço e visual, mas ele não é.
Quem chega mais perto disso é o Moto G7 Plus, que traz estabilização óptica na câmera principal, hardware mais avançado e carregamento ultra veloz. Pena que não possui versão branca! 🙁
Por isso, meu veredito é:
Ainda não conhece a escala memética de avaliação do Mobizoo? Então veja como fazemos nossas análises de celular.
Deixo o meu agradecimento à assessoria da Motorola, que gentilmente emprestou o celular utilizado nesta análise.