Galaxy Fold e a falta de sentido do celular dobrável

Eu já estava devendo há algum tempo um texto opinativo por aqui, e não há momento melhor para escrever algo do tipo, do que após o lançamento do celular dobrável da Samsung, o Galaxy Fold, que chega ao Brasil por “apenas” R$ 13.000. Isso mesmo TREZE MIL REAIS.

Se você está empogad@ com o lançamento, melhor nem continuar lendo, pois agora eu vou listar os motivos que fazem dos celulares dobravéis, e especialmente do Galaxy Fold, produtos completamente sem sentido.

Nesse texto o foco será apenas nos celulares-trambolho que abrem e viram tablets, já que, na minha opinião, os modelos que dobram para ficarem pequenininhos, como o Motorola Razr, têm mais chances de fazerem sucesso. Galaxy Fold e a falta de sentido do celular dobrável - Mobizoo

Tela dobrável: uma tecnologia que ninguém pediu (mas que as fabricantes querem nos empurrar goela abaixo)

Você já ficou em casa pensando “nossa, que legal seria se eu pudesse dobrar a tela do meu tablet para colocá-lo no bolso!”? Não? Nem eu.

As maiores empresas de tecnologia do mundo estão há anos gastando rios de dinheiro em pesquisa e desenvolvimento das telas flexíveis/dobráveis, e praticamente todo ano elas tentam emplacar uma novidade com a tecnologia, para justificar o investimento.

Tivemos até 2018 as TVs com tela curva, para as quais ninguém deu a mínima (porque, né?), em 2019 foi a vez de experimentar esse tipo de tela nos celulares (literalmente), e em 2020 já foram apresentados (pasmem!) notebooks com tela dobrável, onde o teclado físico e o trackpad são subistituídos por tela.

A Samsung correu para ser a primeira a apresentar um smartphone com tela dobrável, mas a pressa resultou num produto cheio de problemas, que teve que ter seu lançamento adiado.

Aliás, a coisa mais comum no ano passado foi ver esse tipo de produto sendo apresentado em uma redoma de vidro nos grandes eventos. Afinal, eles simplesmente não estavam prontos.

Mas voltando ao questionamento inicial, o grande problema do celular com tela dobrável é que ele não resolve nenhum problema do usuário – as telas dos smartphones já são BEM GRANDES –, e pior, ainda cria um novo: o vinco.

Vai um vinco na tela aí?

Não importa o que as fabricantes digam e repitam em suas ações de marketing: as telas dobráveis são feitas de plástico flexível, e elas vão sim apresentar um vinco bem no meio, depois de algumas dezenas de dobradas.

Vinco na tela do Galaxy Fold da Samsung
Vinco na tela do Galaxy Fold da Samsung. Imagem: Gizmodo Brasil.

Mesmo o Huawei Mate X, que é bem mais caprichado que o Galaxy Fold na construção e na proposta (de ter a tela como “cobertura”, e não como “recheio”) irá sofrer como uma deformação no meio da tela depois de algum tempo de uso, só que nesse caso ela não será um vinco, mas sim um “calombo”.

Por isso, fica a pergunta: o quão dispost@ você está a conviver com uma deformação na tela do seu smartphone, depois de pagar mais de 10.000 reais por ele?

Ah, e não podemos esquecer: a deformação na tela é só um dos defeitos que esse tipo de aparelho pode apresentar. As possibilidades de algo quebrar são tantas, que é a té dificil listar aqui.

O Android é terrível nos tablets, então por que raios ele “magicamente” ficaria bom nos dobráveis?

O Google já desistiu faz tempo de oferecer uma boa experiência Android nos tablets (lembra do Nexus 7?), e mesmo a Samsung, que continua insistindo nesse mercado, tem dificuldades em competir com o excelente iPad OS.

As grandes desenvolvedoras de aplicativos para Android sempre fizeram adaptações porcas de seus apps para tablets (isso quando fizeram), e não há nenhum sinal de que isso irá mudar.

Por isso, é bem fácil deduzir que o software continuará sendo um grande obstáculo para o sucesso desses dispositivos, mesmo que eventualmente uma ou outra aplicação use plenamente (e com inteligência) o espaço extra.

Agora me conta aí nos comentários: o que você acha dos celulares dobráveis que viram tablets?

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Anderson Mansera

Especialista em Tecnologia e Design com mais de 20 anos de experiência no mercado de produtos eletrônicos e soluções digitais, com participação em eventos internacionais e projetos para grandes empresas. Retrogamer e tecladista nas horas vagas.

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