Houve um tempo em que pensar em celulares sofisticados para executivos remetia diretamente à um BlackBerry. Mas esse tempo passou.
Desde o surgimento dos atuais líderes do mercado – iPhone e Android, a empresa vêm sangrado dinheiro, e por isso anunciou oficialmente, na semana passada, que irá deixar de fabricar dispositivos móveis.
É o fim de mais uma na lista das grandes, que ficaram para trás na corrida da evolução tecnológica.
Mas vamos deixar a tristeza de lado para relembrar os grandes momentos desta gigante canadense que já foi símbolo de status para os consumidores e um modelo para os seus concorrentes.
BlackBerry: o celular dos bem-sucedidos
No início dos anos 2000, ter um BlackBerry era quase sinônimo de sucesso na vida. Conhecidos pela tecnologia de ponta, confiabilidade e segurança reforçada, os modelos da fabricante podiam ser vistos em séries de TV, nas fotos de celebridades e até na mãos de chefes de Estado.
Nos Estados Unidos a marca era uma referência tão forte de celular confiável quanto a Hellmann’s é em maionese. O próprio presidente Obama usava aparelhos BlackBerry desde os tempos de senador.
No início, o nome BlackBerry se referia apenas ao produto, e não à marca. Os famosos aparelhos eram fabricados pela empresa canadense RIM (Research In Motion) que decidiu mudar de nome para BlackBerry quando percebeu que seu aparelho havia se tornado algo maior que a própria companhia.
Os aparelhos fizeram tanto sucesso na primeira década dos anos 2000, que chegaram a dominar o mercado empresarial e governamental americano, alcançando 43% de market share em 2010.
Tecnologia de ponta
Os BlackBerry caíram no gosto das pessoas não apenas pelo status da marca. A tecnologia embarcada no aparelho também era seu diferencial.
O excelente teclado mecânico tinha uma precisão e retorno incríveis, o que para muitos era algo insubstituível.
Em 11 de Setembro de 2001, quando dois Boeings 767 foram utilizados para destruir as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York, mais uma vez os BlackBerry se destacaram como símbolo de confiabilidade e segurança.
Apesar da rede local de telefonia e de celular terem sido destruídas, os donos de Blackberry conseguiam se comunicar com outras pessoas por causa da infraestrutura própria da marca, uma Rede Dedicada de Dados.
Esse tipo de rede geralmente é explorada apenas para fins militares, mas a BlackBerry fazia uso da tecnologia para garantir um ótimo desempenho na entrega de mensagens em prioridade.
O longo e lento declínio
Apesar de ter um produto que apresentava um valor agregado diferencial, a BlackBerry cometeu erros em suas estratégias e viu sua marca sendo esquecida com a grande guinada do Android e principalmente da Apple no EUA.
Ou seja, ela falhou ao imaginar que o futuro dos smartphones estavam nas empresas e não nos consumidores domésticos. Com isso, ela criou um abismo entre plataforma e desenvolvedores, atrasou a resposta com o BB10 e subestimou a concorrência da Apple e Google. Agora a companhia amarga prejuízos enormes.
Sem produzir mais smartphones, a BlackBerry vai se limitar apenas à licenciar sua marca para modelos prontos de outros fabricantes, tendo alguma variação mínima em seu design externo. Além disso ela vai permanecer focada em desenvolver seu software – o que é uma boa notícia.
Mas a ideologia por trás da BlackBerry, pelo menos em partes, permanece inabalada. O CEO da companhia alegou que podemos esperar pelo menos um aparelho de teclado mecânico produzido por ela nos próximos anos.
Lições que podemos aprender com a BlackBerry
Com o caso da BlackBerry chegamos a algumas conclusões interessantes: primeiro, mesmo para quem está na ponta, dormir não é uma boa opção.
Segundo, algumas decisões podem parecer mais baratas no começo, mas poderão custar muito a longo prazo.
E por último, não adianta ter um ótimo produto sem uma ótima estratégia.
Confira o nosso infográfico:
Então é isso. Foi legal enquanto durou :'(