Apresentado mundialmente em fevereiro durante o MWC, o Asus Zenfone 5 foi um dos primeiros smartphones da temporada 2018 a apostar, “sem medo de ser feliz”, no notch como tendência de mercado, e na AI Camera (câmera com inteligência artificial) como um diferencial competitivo.
Ele também não teve vergonha de declarar suas inspirações de design, que vão desde a interface com jeitão de Samsung Experience, até a traseira com ares de iPhone X, mostrando-se um destemido representante da estratégia me too (eu também tenho).
Sem dúvida trata-se de um dispositivo corajoso, que prova que não há nada errado em querer melhorar aprendendo com os outros.
Eu tive o privilégio de usar o aparelho durante as semanas que antecederam o lançamento no Brasil, e a seguir eu relato todos os detalhes da minha experiência.
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Atualização: o Zenfone 5 já recebeu a atualização para o Android 9 Pie. Atualização: Inicialmente o Zenfone 5 era vendido nas versões preto e prata, mas recentemente a Asus lançou no Brasil a versão branca do smartphone, que aliás é bem bonita.Asus Zenfone 5: preço e disponibilidade
O Asus Zenfone 5 chega às lojas em duas versões, custando R$ 1.999 com 64 GB de armazenamento interno, e R$ 2.249 com 128 GB.
Nesta faixa de preço, o modelo concorre diretamente com o Moto Z3 Play da Motorola, o Galaxy A8 Plus da Samsung, e o Xperia XA2 Ultra da Sony, mas seu preço de lançamento é mais baixo que o de todos eles. Além disso, ele é o único que traz câmera com inteligência artificial e tela com notch.
- Veja também: Review Moto Z3 Play: entre tapas e beijos
Mas para saber se o dispositivo vale a pena pelo preço que cobra, vamos começar com a lista de prós e contras.
Asus Zenfone 5: prós e contras
Prós:
- Câmera dupla traseira com inteligência artificial faz fotos realmente muito boas mesmo com pouca luz, e fica melhor dia após dia;
- Tela espetacular;
- Desempenho acima dos concorrentes da categoria;
- Bateria com boa duração;
- Alto falantes com som estéreo, potentes e de qualidade;
- Design belo, leve e confortável.
Contras:
- O software melhorou, mas ainda precisa de refinamentos;
- Câmera frontal fica devendo em ambientes com pouca luz;
- Bandeja híbrida de chips – não suporta 2 chips de operadora e 1 micro SD ao mesmo tempo;
- Sem certificação IP68.
Asus Zenfone 5: unboxing
Asus Zenfone 5: design
Sem disfarçar a influência da maçã no desenho de seu novo smartphone, a fabricante taiwanesa trouxe para o mercado um dispositivo com design requintado, construído em vidro Gorilla Glass e alumínio.
A traseira mantém os círculos concêntricos que já viraram marca registrada dos Zenfones, e mais uma vez a influência da Apple aparece na câmera dupla vertical.
Pesando apenas 155 gramas, o aparelho consegue oferecer uma construção sólida e mesmo assim ser leve e fino, porém (sempre há um porém) não conta com nenhum tipo de proteção contra água ou poeira.
Os dois únicos botões físicos ficam concentrados na parte direita do aparelho, e discretas faixas plásticas distribuídas pela moldura fazem o papel de antena para redes sem fio (4G/WiFi).
Mesmo com uma tela enorme, o telefone é compacto o suficiente para permitir o uso com apenas uma mão, desde que a sua mão tenha um tamanho razoável (se for muito pequena, fica um pouco difícil).
A boa notícia para quem, como eu, detesta adaptadores, é que o conector padrão de fones de ouvido continua lá, do ladinho do USB tipo C.
Asus Zenfone 5: tela
Devo dizer que assim que liguei o celular, esse foi o item que fez meu queixo cair.
A tela do Zenfone 5 apresenta cores vibrantes, contraste fantástico, brilho generoso até debaixo do sol, e um preto que é tão profundo, que talvez você até ache que se trata de uma AMOLED. Na verdade, temos aqui um painel IPS+, o primeiro do tipo a desembarcar por aqui.
Para queimar minha língua, e por incrível que pareça, o notch (recorte no topo da tela) não me incomodou em nada durante o uso, tanto que eu nem precisei utilizar o recurso do sistema que o esconde. Sentimentos muito conflitantes aqui, meu povo. Vivendo e aprendendo.
A tela ocupa aproximadamente 90% da parte frontal do aparelho, e creio que os 10% que sobram ficam a cargo da pequena borda inferior. Apesar desta pequena faixa e do notch, a sensação que fica é que você está segurando uma grande tela em mãos, assim como no iPhone X.
Outro diferencial do Zenfone 5 nesse quesito é o seu Modo Noturno; o único do mercado que faz o serviço completo na missão de pegar leve com seus olhos à noite.
Enquanto as outras fabricantes apenas colocam um filtro amarelado na tela quando esse modo é ativado, a Asus não só faz isso, como também tira a saturação das cores, deixando seu cérebro de fato descansar (cores vibrantes agitam sua mente).
Asus Zenfone 5: câmeras
Se tem uma coisa que eu gravei na mente quando estive na apresentação mundial do modelo em Barcelona, foi a fala do Marcel Campos sobre os recursos de inteligência artificial presentes na câmera do aparelho.
Ele mostrou como a câmera do Zenfone 5 é capaz de aprender com os hábitos fotográficos do usuário, e depois transformar esse aprendizado em resultados cada vez melhores nas fotos capturadas, tudo graças ao machine learning. Lembro de pensar: “nossa, se isso funcionar mesmo, vai ser incrível!”.
O tempo passou, e finalmente pude colocar minhas mãos no modelo para algumas semana de testes.
Passei dias e mais dias fotografando as mesmas situações do meu cotidiano com a câmera principal do Zenfone 5, exatamente para verificar se a inteligência artificial do dispositivo estava realmente melhorando minhas fotos com o passar do tempo.
O resultado impressionou: o que parecia ser uma câmera apenas mediana nos primeiros dias, se transformou numa câmera digna de topo de linha depois de dezenas de clicadas.
Veja por exemplo esta foto que tirei da minha filha contra a luz, depois de “treinar” a câmera do smartphone todos os dias no mesmo ângulo e no mesmo horário:
À título de comparação, veja agora a mesma foto clicada com o principal concorrente da Asus, o Motorola Moto Z3 Play:
E olha que a câmera do Moto Z3 Play não é ruim, muito pelo contrário! Ou seja, a IA da Asus realmente faz um excelente trabalho em trazer para a imagem informações que o sensor sozinho não conseguiria captar.
O machine learning é especialmente útil em situações de pouca luz, mas também trabalha em conjunto com as duas lentes para aprimorar o famoso efeito de fundo desfocado do modo retrato (ou bokeh).
Quanto mais objetos o algorítmo conhece, melhores recortes de planos ele fará nas próximas fotos.
Como eu acabei de mencionar, a câmera principal do Zenfone 5 possui 2 lentes, sendo uma teleobjetiva e uma grande angular. A primeira é a que você vai utilizar mais no dia a dia, e a segunda é ideal para aqueles momentos de turismo, quando você quer mostrar uma área mais ampla do local que está visitando.
Vamos à dois comparativos, com a foto “normal” primeiro, e a grande angular logo depois:
Como você pôde perceber, há uma diferença de tonalidade de cores de uma lente para a outra, mas no geral os resultados são muito bons em ambas. Vale notar também que a grande angular tende a gerar o efeito “olho de peixe” nas imagens, já que ela coloca uma circuferência mais ampla num mesmo quadro 4:3. É possível minimizar um pouco esse efeito trocando a proporção de captura para 16:9.
A câmera frontal do Zenfone 5 não é impressionante, mas também não decepciona. Você vai conseguir ótimas selfies com boas condições de luz, e até fotos com efeito fundo desfocado bem satisfatório, mas a festa acaba aí.
Em ambientes menos iluminados, as imagens perdem um bocado de definição, e nem a inteligência artificial faz milagres (pelo menos não até agora).
Caso queira visualizar as fotos em tamanho original, baixe este arquivo zip.
Asus Zenfone 5: desempenho
Equipado com chipset Snapdragon 636 da Qualcomm e mais 4 GB de RAM, o Zenfone 5 oferece uma experiência de uso bem próxima à de um top de linha, com muita velocidade em todas as tarefas do dia a dia, fluidez mesmo nos apps mais pesados (estou olhando pra você, Facebook), e claro, excelente desempenho com games.
No geral, eu achei o Zenfone mais rápido e fluído que seus concorrentes que possuem o mesmo chipset e a mesma quantidade de RAM, mas uma coisinha ainda precisa melhorar: o software.
É verdade que a ZenUI está bem mais bonita (com forte inspiração na Samsung Experience), e mais leve do que nunca (nada de bloatware!), mas faltam aqueles refinamentos necessários para deixar tudo “redondo”.
Algumas janelas específicas do sistema demoram mais que o normal para abrir, alguns textos de botões ou pop ups aparecem sem margem ou “quebrados”, e algumas inconsistências de design podem incomodar pessoas chatas como eu.
Ex.: O relógio da barra de status fica colado na quina superior direita da tela, sem margem, quando a porcentagem de bateria está ativa, e algumas telas do sistema aparecem com visual do Android puro, e não da ZenUI.
Mas verdade seja dita: a Asus está se esforçando bastante para aparar estas arestas. Isso fica evidente a cada atualização que você instala e percebe que algo mudou para melhor.
Eu testei o modelo com 128 GB de armazenamento interno, e a pontuação que obtive no teste Antutu Benchmark você confere abaixo:
Asus Zenfone 5: bateria
A bateria do Zenfone 5 possui 3300 mAh, ou seja, capacidade um pouco maior que o padrão estabelecido na categoria. O Moto Z3 Play, por exemplo, tem 3000 mAh.
Com esssa carga, o dispositivo é capaz de aguentar um dia inteiro longe da tomada, mesmo com uso muito intenso, ou até 1 dia e meio com uso moderado. Pelos meus cálculos, dá pra tirar 7 horas de tela com certa tranquilidade.
É um resultado superior ao dos concorrentes de mesmo preço, e neste smartphone ainda há o plus de podermos contar com o recurso de gestão inteligente de carga, que conserva a vida útil da bateria, mais uma vez através do machine learning.
O telefone aprende seus hábitos e horários de carregamento, e distribui a energia de forma mais eficiente, evitando que, por exemplo, a bateria fique recebendo carga (e esquentando) a noite toda, sem necessidade.
Ao meu ver, o único celular da categoria que ganha do Zenfone 5 no quesito bateria é o Xperia XA2 Ultra, porém é importante destacar que o aparelho da Sony é bem maior, mais grosso e mais pesado que o oponente da Asus.
- Veja também: Review Xperia XA2 Ultra: oldschool demais
Asus Zenfone 5: som
2018 será lembrado como o ano dos super alto falantes nos smartphones, já que as principais fabricantes realmente se esforçaram para oferecem áudio realmente potente (e não apenas alto) em seus dispositivos.
O Galaxy S9 trouxe o Dolby Atmos, o Xperia XZ2 apresentou a vibração dinâmica de som, o LG G7 ThinQ arrebentou com o Boom Box, e a Asus, que não poderia ficar de fora, caprichou nos alto falantes estéreo do Zenfone 5.
O som do Zenfone 5 é forte o suficiente para fazer o corpo do aparelho vibrar, possui graves generosos, não distorce nem no volume máximo, e é muito envolvente.
O segredo? A Asus separou o som estéreo da seguinte forma: os agudos ficam no alto falante menor (superior), e os graves ficam no alto falante maior (inferior). Um arranjo parecido com o de um carro.
Os fones de ouvido que acompanham o modelo também não fazem feio, entregando som de qualidade com conforto, e sem a necessidade de adaptadores, já que o celular conta com entrada padrão 3.5mm (P2).
Asus Zenfone 5: ficha técnica
- Android 8.0 Oreo + Asus ZenUI 5;
- 4G Dual Chip (2 nano sim);
- Tela Super IPS+ de 6.2 polegadas Full HD+ (2246 x 1080 px) com gama de cor DCI-P3;
- Vidro Gorila Glass;
- Chipset Snapdragon 636 (Snapdragon 845 no Zenfone 5Z);
- 4 ou 6 GB de RAM (Até 8 GB no Zenfone 5Z);
- 64 ou 128 GB de armazenamento interno (Até 256 no Zenfone 5Z);
- Entrada para microSD de até 2 TB;
- Câmera traseira dupla – Sony IMX363 de 12 MP com abertura f/1.8 e estabilização óptica + lente de ângulo aberto 120º;
- Câmera frontal de 8 MP com abertura f/2.0, HDR e AR (Realidade Aumentada);
- Gravação de vídeo em 4K;
- Leitor de impressão digital traseiro;
- Sensores: luz ambiente, acelerômetro, proximidade, giroscópio;
- Bluetooth 5;
- Rádio FM;
- NFC;
- A-GPS, GLONASS;
- USB Tipo C;
- Bateria de 3300 mAh com carregamento rápido AI.
Asus Zenfone 5: vale a pena?
A Asus realmente fez um trabalho incrível com o Zenfone 5. Trouxe para o mercado um smartphone muito competente e com custo acessível, algo especialmente louvável num país como o Brasil.
Ele usa o que eu chamo de “estratégia Megaman” – quem conhece o game clássico dos anos 80 vai entender o que eu quero dizer –, onde o herói se apropria das armas de seus oponentes para prosseguir e vencer no jogo.
Ele não é um smartphone perfeito, mas está no caminho certo. A tela é excelente, assim como o som e o desempenho, a inteligência artificial na câmera não é só um papo de vendedor, e o design é bonito e confortável.
Os pequenos refinamentos que ainda faltam no software vêm sendo implementados em atualizações bastante frequentes, então é seguro dizer que esse não será um problema para quem comprar o modelo.
Com preço mais em conta que o da concorrência, é difícil não recomendá-lo, e por isso tudo, o meu veredito é:
Ainda não conhece a escala memética de avaliação do Mobizoo? Então veja como fazemos nossas análises de celular.
Deixo o meu agradecimento à assessoria da Asus, que gentilmente cedeu o celular utilizado nesta análise.