Vale a pena comprar eletrônicos na Europa?

Numa primeira olhada, pode parecer que não vale a pena comprar eletrônicos na Europa, por conta dos preços altos em relação aos Estados Unidos, mas a coisa muda de figura quando consideramos o reembolso que muitas lojas oferecem através do procedimento de Tax Free.

Se você está na Europa doid@ para comprar aquele gadget, ou está planejando sua próxima viagem para o velho continente, vem comigo que eu te explico como funciona essa história de receber parte do dinheiro das suas compras de volta. Ah, e de lambuja, ainda vou te dar dicas sobre o que vale a pena comprar.

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Tax Free: o que é e como funciona

De forma resumida, o Tax Free é o procedimento que garante ao turista o reembolso de parte do valor gasto com impostos num determinado país.

A lógica é a seguinte: você é turista, e não cidadão do país, por isso não precisa pagar todo o imposto cobrado em cada produto comercializado. Sendo assim, tem o direito de receber parte desse valor de volta quando deixa o país.

Muitos países do mundo trabalham com esse sistema, mas ele pode variar de local para local. No Japão, por exemplo, o desconto é dado na loja mesmo, na hora da compra. Basta apresentar o passaporte.

Na Europa é diferente: você vai guardando os recibos das suas compras durante a viagem, e só recebe o reembolso no aeroporto, quando está de saída da União Européia.

Nem todas as lojas da Europa trabalham com Tax Free, então é importante procurar a sinalização que indica que o Tax Free está disponível em cada loja que você visitar. Para facilitar a sua vida, já digo logo: lojas grandes como FNAC, MediaMarkt e El Corte Inglés vendem com esse sistema.

Estas são as empresas mais populares de Tax Free na Europa.
Estas são as empresas mais populares de Tax Free na Europa. Procure por esses símbolos em toda loja que visitar.

Além de saber quais lojas trabalham com o sistema, também é importante verificar qual o percentual que cada país dá de reembolso por suas compras, e qual o valor mínimo que você deve gastar para ter direito ao Tax Free. Confira abaixo:

  • França: até 13% de reembolso para produtos de no mínimo de 170,01 euros;
  • Reino Unido: até 9,25% de reembolso para produtos de no mínimo 30 libras;
  • Itália: até 12,5% de reembolso para produtos de no mínimo de 12 euros;
  • Espanha: até 10,5% de reembolso para produtos de no mínimo de 90,16 euros;
  • Portugal: até 12% de reembolso para produtos de no mínimo de 61,35 euros.
Dica: antes mesmo de efetuar uma compra você pode perguntar ao vendedor da loja quanto fica o valor final do produto considerando o reembolso do Tax Free. Assim você compara com o valor no Brasil e nos EUA antes de fechar negócio.

Como pegar o reembolso ao sair de um país da Europa

  1. Ao comprar um produto que atende ao requisito mínimo de valor para reembolso, solicite ao caixa da loja o Tax Free;
  2. O/A caixa irá solicitar o seu passaporte, e a partir dele irá gerar uma ficha de solicitação de reembolso, que será anexada à nota fiscal do produto;
  3. Guarde esses documentos por toda viagem até chegar o momento de pegar o voo de volta para o Brasil;
  4. No aeroporto onde você irá pegar seu voo de volta – ou a conexão que te leva para o voo de volta –, você procura uma máquina de autoatendimento do Tax Free para validar a sua ficha de solicitação de reembolso (aquela que a loja te deu). Não se preocupe, há sinalização nos aeroportos indicando onde ficam essas máquinas;
  5. Se a máquina indicar que está tudo OK, siga para o guichê Tax Free do aeroporto (geralmente ele fica perto da máquina);
  6. Nesse guichê, o/a atendente irá simplesmente receber a sua ficha de solicitação de reembolso (que já foi validada pela máquina), e te entregar o dinheiro do reembolso, em espécie.
Como pegar o reembolso ao sair de um país da Europa Importante: Dependendo do dia e do horário do seu voo, pode ser que a fila para o guichê esteja grande. Por isso, chegue com antecedência para resolver tudo a tempo de pegar seu voo.

Quais eletrônicos vale a pena comprar na Europa

A imagem de destaque deste artigo não é à toa. Sim, câmera fotográfica profissional é a principal categoria de eletrônico que vale a pena comprar na Europa. Primeiro porque muitos modelos disponíveis em lojas européias você não encontra com facilidade nos EUA ou em outras partes do mundo (a lendária marca Leica, por exemplo), e segundo porque, considerando o “desconto” do Tax Free, o valor que você paga numa DSLR Canon, por exemplo, pode sair até mais barato que nos EUA.

Além disso, lojas como a FNAC costumam oferecer kits com lente extra, cartão de memória, bolsa de transporte e até tripé por valores bem atraentes. Para ficar mais claro: não é difícil achar uma promoção onde você leva o corpo da câmera e mais uma porção de acessórios por quase o mesmo preço do corpo “pelado”.

Mas claro, assim como no Brasil, a coisa fica muito mais interessante se você comprar numa época boa, quando os descontos são mais generosos, como perto do dia dos namorados – lá fora é em fevereiro, que aliás coincide com as liquidações de inverno –, e no final de novembro (Black Friday).

Além das câmeras, os celulares da Xiaomi saem muito baratos se você comprar numa loja oficial da marca, na Espanha (Madrid e Barcelona), em Paris, e em Portugal (em breve). E quando eu digo barato, eu digo: o mesmo preço que você paga importando de lojas da China, só que sem a maldita taxa de importação e todo aquele estresse da entrega.

Dica: as lojas da Europa têm o péssimo hábito de expor produtos nos mostruários sem tê-los no estoque. Por isso, antes de qualquer coisa, pergunte se há estoque do produto em exibição na loja. Sério, vai te poupar muita dor de cabeça. Se puder ser por telefone, melhor ainda.

Muita atenção ao pagar com cartão de crédito

A maioria das pessoas já sabe pagar compras de viagem em dinheiro vivo é sempre a melhor opção, já que você estará usando o dinheiro que comprou previamente na melhor cotação possível.

Mas uma coisa que nem todo mundo sabe é que, no caso de você precisar concluir uma compra na Europa com o cartão de crédito internacional, há a opção na maquininha de pagar o valor em reais na hora – já convertido diretamente de euros na cotação do dia –, ou pagar em euros mesmo.

Essa segunda opção é péssima, pois a operadora do cartão irá obrigatoriamente converter o valor da sua compra de euros para dólares, e depois de dólares para reais, fazendo você perder um bocado de dinheiro. Esse “câmbio duplo” acontece no dia do fechamento da sua fatura.

Eu mesmo já me ferrei uma vez ao escolher a opção pagar em euros numa compra com o cartão, quando percebi que o valor em reais que veio na fatura era bem maior que o valor em reais que eu poderia ter pago na hora. #fikdik

Cuidados ao voltar para o Brasil

Para não ter problemas com a Alfândega brasileira, é importante que o viajante fique atento às regras da Receita Federal para a taxação de eletrônicos trazidos do exterior.

De forma resumida, você tem um limite de US$ 500 para trazer o que quiser sem se preocupar com imposto, mas lembre-se: US$ 500 não são €500, e você precisa guardar todas as notas fiscais para o caso da sua mala ser “averiguada”.

Além disso, você pode trazer consigo eletrônicos que se enquadrem na categoria “de uso pessoal”, desde que os tenha usado durante a viagem. Esses equipamentos não são contabilizados no limite dos US$ 500, mas também estão isentos de tributação:

  • Celular;
  • Relógio (smart ou não);
  • Câmera fotográfica (profissional ou não).
Atenção: esses são limitados a uma unidade.

Computadores e tablets não são considerados itens “de uso pessoal”, e por isso entram na cota do US$ 500. O problema é que geralmente basta um bom lap top ou um iPad de última geração para estourar esse limite.

E você, já comprou eletrônicos na Europa? Conseguiu obter o reembolso Tax Free? Conte-nos como foi sua experiência! Se tiver alguma dúvida, coloque-a aí nos comentários também que nós iremos te ajudar!

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Anderson Mansera

Especialista em Tecnologia e Design com mais de 20 anos de experiência no mercado de produtos eletrônicos e soluções digitais, com participação em eventos internacionais e projetos para grandes empresas. Retrogamer e tecladista nas horas vagas.

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