Lançamentos Apple 2021: o review sincerão

Ontem, dia 20 de abril de 2021, enquanto morriam 3.500 brasileiros, a Apple realizou um grande evento para apresentação de seus novos produtos, que custam mais que o dobro do que deveriam custar no Brasil.

O novo iMac, por exemplo, que tem um queixo enorme abaixo da tela e cores alegres quem ninguém vai comprar, custa 1.299 dólares nos Estados Unidos – o que daria R$ 7.234 em conversão direta –, mas sai por inacreditáveis R$ 17.600 na loja oficial brasileira (e estou falando da versão mais básica!).

É um preço alto até mesmo pros Farialimers (alta casta da sociedade paulistana), que atualmente nem podem mais ir à Disney pra comprar seu Apple com preço real.

Ah, Apple, faça-me o favor! Conta outra!

“Ah, mas a Apple é uma empresa super legal que ajuda o planeta, então esse super lucro deve se converter em algo bom pra sociedade” você poderia dizer. Algo bom pra sociedade? Só se for pra sociedade dos acionistas.

A Samsung por exemplo, com todas as críticas que eu tenho à ela, coçou o bolso e doou R$ 5.000.000 para ajudar na pandemia brasileira, enquanto a Apple nada fez por aqui.

Até o Itaú, que não tem valor de mercado tão grande quanto o da Apple e nem a reputação de empresa amada, doou R$ 150.000.000 para ajudar o Brasil na pandemia. E até a Xiaomi, que tem presença oficial pequenininha por aqui se mexeu.

Voltando pros novos produtos, temos também o iPad Pro, que nos EUA custa a partir de 799 dólares, e aqui sai por R$ 10.799. Agora, me responde: por que o dólar da Apple vale R$ 13,50?

Eu tenho uma teoria: com esse ágio absurdo, a empresa imprime um status de inalcançável no país, focando 100% no 1% que destrói o país, e 0% nos 99% que tenta sobreviver.

Ajudar crianças de classes menos favorecidas nas aulas online, ou na criação de renda para quem ficou desempregado? Só se for naqueles belos vídeos produzidos para as apresentações.

O lado sombrio das cores

O livro “Dying for an iPhone” compila 10 anos de investigações dos autores Jenny Chan e Mark Selden acerca das fábricas da Foxconn terceirizadas pela Apple na China, e mostra como a empresa da maçã fomentou a exploração dos trabalhadores e a política do crescimento a qualquer custo do governo chinês.

Os problemas foram tantos, que a gigante teve que deslocar sua produção para outros países, como o Brasil (olha que interessante).

Taiwan, que abrigou parte das novas fábricas, agora sofre a pior escassez de água dos últimos 50 anos, com impactos nas famílias e até mesmo na agricultura, enquanto cada fábrica de chips usados nos produtos Apple gasta, em média, 7.560.000 de litros de água por dia. Eu disse POR DIA.

Mas tá tudo bem, as coisas vão melhorar agora que você vai receber seu lindo iPhone 12 violeta sem um carregador na caixa.

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Anderson Mansera

Especialista em Tecnologia e Design com mais de 20 anos de experiência no mercado de produtos eletrônicos e soluções digitais, com participação em eventos internacionais e projetos para grandes empresas. Retrogamer e tecladista nas horas vagas.

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