Review Xiaomi Mi A1: o intermediário quase perfeito

O Xiaomi Mi A1 é o primeiro smartphone da famosa fabricante chinesa a trazer o Android Puro no lugar do sistema customizado MIUI. O modelo faz parte do projeto Android One do Google, que é uma espécie de retorno à saudosa linha Nexus.

Enquanto a linha Pixel oferece telefones top de linha com Android Puro rodando no que há de mais sofisticado no mercado (por um preço bem alto), a linha Android One traz a mesma experiência de software, só que em modelos intermediários mais acessíveis (como era na época dos Nexus).

A Xiaomi já é há algum tempo a marca de celulares importados mais querida no Brasil, só que nem todo mundo curte o Android super customizado que a fabricante utiliza em seus aparelhos. Por isso o Mi A1 tem atraído tantas atenções desde que surgiu.

Eu passei algumas semanas usando o Xiaomi Mi A1 (versão com 64 GB) como meu celular principal, e a seguir eu conto todos os detalhes da minha experiência.

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Review Xiaomi Mi A1: o intermediário quase perfeito - Mobizoo

Xiaomi Mi A1: preço e disponibilidade

Dos últimos modelos que testei, o Xiaomi Mi A1 foi o smartphone que mais me fez pensar como seria ótimo para o mercado Brasileiro se a Xiaomi tivesse dado certo por aqui. Na minha opinião, se o aparelho estivesse à venda nas lojas do Brasil, iria vender como pãozinho quente.

Mas infelizmente não é o caso, e por isso o modelo com 4 GB de RAM e 64 GB de armazenamento só pode ser adquirido através de importação, com preço na faixa dos R$ 1.100 (já incluindo os impostos).

Neste mesmo valor, você também pode comprar no Brasil o maior oponente do Mi A1; o Moto X4, que aliás também faz parte do projeto Android One. O único detalhe: o modelo da Motorola possui bem menos memória que o dispositivo da Xiaomi (3 GB de RAM e 32 GB de armazenamento).

Irei detalhar cada aspecto deste “espertofone” chinês mais adiante, mas se você está com pressa, pode checar rapidamente a lista de prós e contras:

Xiaomi Mi A1: prós e contras

Prós:

  • Android 8 Oreo e atualizações frequentes direto do Google;
  • Tela magnífica;
  • Câmera traseira excelente e com o melhor modo retrato da categoria;
  • Leitor de impressões muito rápido e preciso;
  • Áudio espetacular;
  • Ótimo desempenho geral, com destaque para a performance em games;
  • Design e acabamento de primeira;
  • Bateria de boa duração e carregamento rápido;
  • Infravermelho.

Contras:

  • Câmera frontal fraquinha;
  • Bandeja de chips híbrida – ou usa 2 chips de operadora, ou 1 chip e 1 micro SD;
  • A traseira de alumínio é bem escorregadia;
  • A gravação de vídeo possui um bug que deteriora a qualidade do som;
  • Não possui NFC.

Xiaomi Mi A1: unboxing e primeiras impressões

Xiaomi Mi A1: design

A Xiaomi sempre foi muito cuidadosa com o design de seus dispositivos, e com o Mi A1 não seria diferente.

O modelo conta com acabamento de primeira, composto por um corpo único de alumínio e vidro Gorilla Glass com cantos arredondados (2.5 D), que lembra um bocado o iPhone 7 Plus, mas com alguns diferenciais.

Traseira do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

O leitor biométrico centralizado logo abaixo da câmera traseira fica numa posição muito natural para o encaixe do polegar (viu, Samsung?), e as discretas faixas plásticas superior e inferior que funcionam como antenas dão conta dos sinais 4G, WiFi e GPS com muita eficiência.

E por falar em GPS, eu fiquei impressionado com a velocidade do aparelho em obter o meu local e também com sua precisão durante a navegação.

Lateral do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

Apesar de ser bonito, fino e leve, o corpo único em alumínio do Mi A1 é bastante escorregadio, por isso é recomendado o uso de uma capinha mais aderente, ou de atenção extra na hora de sacar o aparelho do bolso.

Por conta da tela grande (e das bordas avantajadas), você pode ter dificuldade para alcançar todos os cantos da tela com o polegar (especialmente se você tiver mãos pequenas), mas é importante destacar que, mesmo com um painel deste tamanho, o modelo é mais compacto que o Galaxy J7 Metal e o Moto Z2 Play, por exemplo.

Parte superior do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

E como já é uma tradição nos celulares da marca, o sensor infravermelho está presente no topo, agregando úteis funções de controle remoto universal ao dispositivo.

Com ele você vai poder usar o celular para controlar sua TV, home theather, ar condicionado e o que mais sua imaginação permitir.

É uma pena que a Xiaomi seja uma das poucas fabricantes que ainda apostam nessa tecnologia.

Parte inferior do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

Na parte inferior temos o conector USB Tipo C, o alto falante, o microfone principal, e a sempre bem-vinda entrada para fones de ouvido. E para dar um charme a mais, dois parafusinhos fecham o pacote.

Frontal do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

A parte frontal é sóbria, porém sofisticada. E como é bem comum em smartphones Xiaomi, há três botões táteis retroiluminados que fazem o trabalho de navegação do Android, e ainda liberam espaço na tela.

Talvez essa seja a única coisa que ainda destoa da experiência do Android Puro, mas é por uma boa causa, vai!

Botões capacitivos do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

Xiaomi Mi A1: tela

Eu já estava pronto para fechar 2017 elegendo o Xperia XZ Premium como a melhor tela do ano, até que o Xiaomi Mi A1 chegou em minhas mãos, aos 45 do segundo tempo.

Sim, eu sou fã das telas Super AMOLED da Samsung, mas como designer chato que sou, não poderia fechar os olhos para as manchas e distorções que as inúteis bordas Edge tem causado nos tops da marca. Isso sem falar da fidelidade de cores, que nunca foi o forte da tecnologia.

Por isso, posso dizer sem medo, que o Xiaomi Mi A1 tem a melhor tela dentre todos os lançamentos que testei no último ano. E isso inclui não só intermediários como o Moto X4 e Galaxy A5 2017, como também tops que se destacam nesse quesito, como o LG G6.

Tela do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

O display do Mi A1 é perfeito na fidelidade de cores, tem pretos profundos o suficiente para você não sentir falta do AMOLED, excelente contraste, brilho máximo bom para o ar livre e brilho mínimo agradável no escuro, e finalmente, ótimos ângulos de visão.

Além disso, o sensor de luminosidade do modelo é muito preciso em ajustar o brilho da tela de acordo com o ambiente (coisa que os modelos da Sony não fazem bem), e o modo noturno configurável inserido no Android Oreo é competente em amarelar a tela para não “machucar” seus olhos à noite.

Xiaomi Mi A1: câmeras

A Xiaomi não tem muita tradição nesse campo, mas ela conseguiu verdadeiros milagres com a câmera dupla do Mi A1 (talvez pela parceria com o Google no desenvolvimento do aparelho?).

Junte duas lentes de boa qualidade – uma grande angular e uma teleobjetiva muito parecida com a do iPhone 7 Plus – com os recursos de software e machine learning do Google (talvez os mesmos do Pixel?), e tenha resultados de primeiríssima, especialmente nas fotos com fundo desfocado, também conhecido como “modo retrato”:

Teste com a câmera traseira do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

Sério, basta ver meus reviews do Galaxy S8 Plus e do Moto Z2 Force para ver que eu não estou “viajando”: as fotos do A1 neste modo são simplesmente deslumbrantes, com recortes melhores que os vistos nos tops das concorrentes.

Dá só uma olhada nessa planta:

Teste com a câmera traseira do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

E agora nessa estátua, que também fotografei com o Moto Z2 Force (que tira a definição do primeiro plano), e com o Galaxy S8 Plus (que deixa um monte de “rebarbas”):

Teste com a câmera traseira do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

E não pense que a câmera traseira do Mi A1 é boa somente neste modo. Ela também faz um belíssimo trabalho em outras situações, com ou sem o HDR ativado. Veja:

Teste com a câmera traseira do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

Perceba a qualidade do foco, mesmo sem utilizar o efeito fundo desfocado:

Teste com a câmera traseira do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo Teste com a câmera traseira do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

No modo manual é possível tirar a mesma fotografia usando a lente teleobjetiva ou a lente grande angular, e o comparativo você confere abaixo:

Teste com a câmera traseira do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

Eu fiz as duas imagens exatamente na mesma posição da calçada, e ficou claro que, além de capturar mais elementos do cenário, a grande angular exibe cores mais vivas e contraste superior.

Teste com a câmera traseira do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

Mas é claro que a teleobjetiva tem o seu valor, permitindo enorme aproximação de objetos (e seres) distantes, como é o caso da simpática garça abaixo, que já estava pronta para voar caso eu me aproximasse:

Teste com a câmera traseira do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

O conjunto traseiro do Xiaomi Mi A1 também não faz feio em cenas noturnas, e mesmo com um bocado de ruído produz imagens de boa qualidade, como nos dois exemplos a seguir:

Teste com a câmera traseira do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

É como eu sempre digo: é melhor ter ruído numa boa imagem, do que nenhum ruído numa imagem ruim.

Teste com a câmera traseira do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

Na câmera frontal, a história muda bastante. São apenas 5 MP, e o dispositivo até se sai bem em selfies com boa iluminação, como as que mostro a seguir, mas sofre para obter imagens decentes em ambientes mais escuros.

Vamos aos exemplos, primeiro sem embelezamento:

Teste com a câmera frontal do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

E agora com embelezamento (que aliás detecta sua idade e faz o melhor ajuste automaticamente):

Teste com a câmera frontal do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

Isso é o melhor que a câmera frontal consegue fazer, o que é bem satisfatório se a compararmos com outros dispositivos na mesma faixa de preço. Só não espere boas selfies em grupo naquele restaurante australiano do ambiente escurinho (já sacou qual é, né?).

Ah! E antes que eu me esqueça: O Mi A1 filma em 4K, porém há um bug que deteriora a qualidade do som capturado nos vídeos.

É um problema bem chatinho, mas deve ser corrigido em breve numa atualização (eu testei os microfones de forma independente, e constatei que o problema não é no hardware).

Caso queira visualizar as fotos no tamanho original, baixe este arquivo zip.

Xiaomi Mi A1: desempenho

O Xiaomi Mi A1 é equipado com o eficiente chipset Snapdragon 625, e a versão que eu recebi para testes conta com 4 GB de RAM e 64 GB de armazenamento (há também uma versão com 4 GB/32 GB).

Com esses números era de se esperar que o dispositivo apresentasse desempenho muito bom tanto para multitarefa quanto para jogos e aplicativos mais pesados, e foi exatamente isso que observei no dia a dia.

No teste do Antutu o modelo fica atrás do Moto X4, mas na prática o desempenho é bem parecido, com vantagem do chinês na troca entre apps por conta do giga extra de RAM, e vantagem do “motinho” nos games por conta de seu chipset ligeiramente superior.

Antutu Benchmark Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

Falando em jogos, o desempenho do hardware do Mi A1 nesse quesito é mais do que satisfatório, e graças à sua bela (e grande) tela, e som super potente (que comentarei mais adiante), a experiência de jogar fica ainda melhor.

Ah, e com um detalhe surpreendente: ele não esquenta de jeito nenhum!

Confira o teste de desempenho em vídeo:

Xiaomi Mi A1: bateria

Em termos de bateria, não há do que reclamar no Xiaomi Mi A1.

Graças ao chipset Snapdragon 625, a gestão de consumo de energia é excelente, e com uso moderado é possível obter até dois dias inteiros longe da tomada.

A atualização para o Android Oreo trouxe o carregamento rápido para o dispositivo (que estranhamente veio desativado no Android Nougat), e com ele bastam 1h15min para o carregamento completo da bateria.

É um desempenho bastante similar ao dos modelos da Motorola que trazem o mesmo chip e carregador TurboPower, ou seja, mais do que satisfatório para a maioria dos usuários.

Xiaomi Mi A1: som

O Xiaomi Mi A1 possui simplesmente o melhor conjunto de áudio dentre todos os smartphones que testei nos últimos tempos. E isso inclui os poderosos Galaxy S8 Plus e Xperia XZ Premium.

Ok, ele não vem com fones de ouvido na caixa, mas cara, eu testei o aparelho com os baratinhos Piston Basic da própria Xiaomi, e olha, que som!

E essa avaliação super positiva não é só por conta do alto volume ou dos graves generosos que ele colocou nos meu ouvidos, mas também pela clareza e profundidade dos sons.

Mi Sound Enhancer do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

Para deixar a coisa toda ainda mais interessante, a Xiaomi inseriu sua ferramenta exclusiva de equalização no Android Oreo, a Mi Sound Enhacer, que ajusta a qualidade do som do dispositivo de acordo com o modelo de fones de ouvido da marca que você está usando.

Mesmo nos fones mais baratinhos, como é o caso dos que eu usei nos testes, o resultado é simplesmente espetacular.

Alto falante do Xiaomi Mi A1 - Review / Mobizoo

No alto falante posicionado na parte inferior do A1 a experiência é igualmente excelente, com bastante volume e muita qualidade nos sons que saem dos pequenos buraquinhos. Não é estéreo, mas, na boa, eu não senti a menor falta.

E apesar de não apresentar nenhum aplicativo de rádio no sistema, o Mi A1 possui sim um receptor de Rádio FM integrado ao hardware, que por enquanto só pode ser acessado através de um menu secreto de testes do sistema.

Basta inserir o código *#*#6484#*#* no discador para abrir o menu e selecionar a opção “FMRadio“, que abre um aplicativo rudimentar para buscar e ouvir estações.

Dá para usar, mas ele é tão limitado que nem regular o volume é possível! O jeito é esperar um app decente numa próxima atualização.

Xiaomi Mi A1: ficha técnica

  • Android One 7.1.2 Nougat Puro com Português Brasil;
  • 4G Dual Chip (2 nano sim);
  • Tela LTPS IPS Full HD de 5.5 polegadas (1080 x 1920 px);
  • Vidro com proteção Gorilla Glass e bordas arredondas 2.5D;
  • Processador Qualcomm Snapdragon 625 MSM8953 octa core de 2.0 GHz;
  • GPU Adreno 506;
  • 4 GB de RAM;
  • 64 GB de armazenamento interno expansível via microSD até 128 GB;
  • Câmera traseira dual com sensor Omnivision OV12A10 de 12 MP + OmniVision OV13880 12 MP com flash dual tone, autofoco, HDR;
  • Câmera frontal Samsung S5K5E8 de 5 MP;
  • Gravação de vídeo 4k e Full HD;
  • Leitor de impressão digital traseiro;
  • A-GPS, Beidou, GLONASS, GPS;
  • Sensores: acelerômetro, luz ambiente, proximidade, Hall, Giroscópio, bússola, infravermelho;
  • USB Type-C com OTG;
  • Radio FM (escondida);
  • Bluetooth 4.2 LE;
  • Bateria de 3080 mAh com carregamento rápido.

Xiaomi Mi A1: vale a pena?

Como eu já disse algumas vezes aqui, não existe celular perfeito, mas existem aqueles que chegam bem perto.

Para atingir este nível, é necessário que o aparelho seja extremamente competente em entregar o que promete dentro de sua faixa de preço, com inúmeros pontos positivos e pouquíssimos negativos, e este é exatamente o caso do Xiaomi Mi A1.

Ele conta com a melhor câmera dupla disponível em celulares abaixo dos R$ 2.000, que tira fotos em modo retrato que muitas vezes são até melhores que as de um Galaxy S8, por exemplo. Traz desempenho suficiente para agradar até o usuários mais exigentes, e um conjunto sonoro de fazer inveja à muito top de linha.

Além disso, a qualidade de sua tela atropela qualquer concorrente do mercado em termos de fidelidade de cores, profundidade de preto, contraste e ângulos de visão, e faz painéis como os do Moto G5S e Xperia XA1 parecerem bastante ultrapassados.

E como se isso tudo já não fosse suficiente, o modelo ainda traz infravermelho – recurso super útil e bastante negligenciado pelas fabricantes nacionais –, acabamento bonito e confortável, bateria de boa duração com carregamento rápido e atualizações constantes do Android, sempre “fresquinhas” direto do forno do Google.

Por todos estes motivos, é com satisfação (e já com um pouquinho de saudade) que dou, pela primeira vez, a nota máxima de avaliação do Mobizoo para o Xiaomi Mi A1.

Ainda não conhece a escala memética de avaliação do Mobizoo? Então veja como fazemos nossas análises de celular.

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Anderson Mansera

Especialista em Tecnologia e Design com mais de 20 anos de experiência no mercado de produtos eletrônicos e soluções digitais, com participação em eventos internacionais e projetos para grandes empresas. Retrogamer e tecladista nas horas vagas.

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