O que eu descobri em minha viagem ao Japão – parte 1

Quem acompanha meus perfis nas redes sociais já deve saber que passei minhas últimas férias no Japão, realizando um antigo sonho de infância, que sempre me pareceu inalcançável (não desista nunca!).

Lá eu aproveitei os últimos dias de 2016 e os primeiros dias de 2017, buscando absorver ao máximo cada pequeno detalhe de cada uma das experiências que pude viver.

Tecnologia, comidas de restaurante e de rua, games, infraestrutura das cidades, visão de mundo e o modo de viver dos japoneses estavam sempre no meu radar.

Foram 15 dias intensos de muitas descobertas, e as principais eu quero compartilhar com você, querido(a) leitor(a) que me acompanha, e que, direta ou indiretamente, me ajudou a chegar lá.

japão

O iPhone é o preferido dos japoneses

Como blogueiro de tecnologia móvel, a primeira coisa que reparo em qualquer lugar que chego é quais são os smartphones que as pessoas estão usando.

Antes de chegar, eu achava que os japoneses usavam bastante os aparelhos da Sony (por razões óbvias), e alguns aparelhos chineses, como os da Xiaomi. Mas eu errei feio.

O iPhone domina a terra do sol nascente, e sobra pouco espaço para os Androids da Samsung e da Sony, que são os mais populares por lá. Pelo meu “olhômetro”, eu diria que 80% dos japoneses usam iPhones, e os outros 20% se dividem igualmente entre Galaxy e Xperia.

Quando eu muito raramente via algum smartphone chinês, Nexus ou mesmo Google Pixel, ou ele estava na área mais “pobrinha” das lojas de celulares, ou nas mãos de estrangeiros.

ppap
Só o Pikotaro bomba mais que o iPhone no Japão.

Usados sim, com muito orgulho

Uma das coisas que mais me impressionaram no Japão foi o seu enorme e aquecido mercado de usados. E eu não estou falando apenas de eletrônicos não. Livros, CDs, DVDs, ferramentas, utensílios domésticos e até móveis – tudo em ótimo estado –, são vendidos em grandes lojas do ramo, como a Hard-Off/Book-Off.

Há mais de 50 anos o Japão é um dos maiores produtores (e consumidores) de tecnologia do mundo, e precisava encontrar uma forma de tratar o gigantesco volume de lixo eletrônico que gera.

Como reciclar componentes eletrônicos não é barato, a saída foi estimular o comércio de recycle tech (usados recondicionados), permitindo uma sobrevida à aparelhos fora de linha, mas ainda com muita lenha para queimar.

Todo mundo sai ganhando: a indústria diminui o volume de lixo, e os consumidores podem economizar uma boa grana escolhendo os usados.

Yodobashi Akiba
A Yodobashi Camera é uma das maiores lojas de Akihabara, e vende tudo que você possa imaginar, novo ou usado.

Tanto eu quanto minha esposa compramos alguns dispositivos usados, e a nossa economia foi enorme.

Para você ter uma ideia mais clara, eu comprei um PS Vita impecável e completinho na caixa por míseros 80 dólares. E minha esposa comprou uma lente 50 mm 1.4 para sua câmera Canon – também em excelente estado – por apenas 230 dólares.

Akihabara é o paraíso dos retrogamers

Eu adoro videogames antigos, e por isso quando comecei a planejar a viagem esse foi um dos primeiros pontos do meu roteiro em Tóquio.

Akihabara é um dos bairros mais famosos da cidade, conhecido pelas imensas lojas de eletrônicos, animes, action figures, mangás e tudo mais que faz a alegria dos nerds/geeks/otakus.

Mas nem só disso vive Akiba (apelido carinhoso de Akihabara). Lá também estão escondidas as mais lendárias lojas de videogames antigos, verdadeiros templos da nostalgia videogamística.

Se você, assim como eu, já passou dos 30 e viveu a era de ouro dos videogames, esses são pontos obrigatórios para visitar:

  • Super Potato – possui itens raríssimos, mas é um pouco cara. A loja mais conhecida é a de Tóquio, mas as duas de Osaka também são incríveis;
  • Retro Game Camp – essa é uma das melhores no quesito preço, mas é difícil de achar, pois fica num subsolo;
  • Trader 1, 2 e 3 – muito boa para comprar portáteis;
  • Sofmap – não é focada só em games, mas sua sessão de consoles e jogos usados é muito boa;
  • Book-Off – garimpando dá para comprar consoles antigos a preço de almoço;
  • Mandarake.

Além dessas, há uma lojinha pequena, porém muito boa, ao lado da Trader 3, que até hoje eu não sei o nome:

loja games antigos
É essa loja atrás da árvore. Se você souber o nome, deixe aí nos comentários.

Mas se você acha que comprar games antigos no Japão é fácil, não se engane.

É preciso ter a consciência de que TODOS os consoles e jogos vendidos lá estão EM JAPONÊS, e que alguns consoles simplesmente não permitem a troca de linguagem, como é o caso do Nintendo 3DS, por exemplo.

Por isso as minhas dicas são:

  • Se você não domina o idioma japonês, não compre jogos que necessitem de leitura para jogar, como RPGs ou aventuras de mundo aberto. Prefira jogos de luta, esporte, tiro, ação e corrida.
  • 99% das capas e rótulos dos jogos vendidos no Japão estão em japonês, portanto é bom você já sair de casa com a imagem do jogo que você quer salva no seu celular;
Quero ver você dizer que jogo é esse!
Quero ver você dizer que jogo é esse!
  • O PSP e PS Vita da Sony são ótimos videogames usados para se comprar no Japão. Os preços são incríveis e você não precisa se preocupar com linguagem ou travas regionais. Já os jogos, eu achei bem caros, especialmente os de Vita, que por sinal bomba por lá (inclusive com vários lançamentos para 2017);
  • O Nintendo DS Lite é um dos aparelhos mais baratos que você pode comprar lá (eu comprei um preto, novinho, com carregador e 1 cartucho Zelda, por 15 dólares), e ele permite utilizar o idioma inglês;
  • Eu só comprei videogames portáteis, pois eles não ocupam espaço na mala. Mas se você quiser trazer um Mega Drive ou um Super Nintendo completos, em suas caixas originais, é bom levar uma mala só para isso (ou comprar uma lá), pois suas caixas são BEM GRANDES;
  • Finalmente, peça sempre para dar uma olhada no aparelho usado que você quer antes de comprá-lo, pois alguns possuem marcas de uso mais fortes, ou mesmo arranhões na tela (no caso de portáteis) que podem fazer você desistir da compra (o DS que eu comprei tem um arranhadinho na tela de baixo, mas o seu preço era tão ridículo que eu nem liguei, levei assim mesmo).

Tax Free, please

Todos os japoneses pagam 8% de imposto em qualquer produto que compram (quem dera fosse assim no Brasil!), porém, em muitas lojas, os turistas não precisam pagar essa taxa. São as lojas Tax Free.

Normalmente as lojas que dão o desconto de imposto para turistas possuem uma sinalização bem chamativa em suas fachadas e contam com caixas exclusivos para este tipo de compra.

Algumas lojas exigem um valor mínimo para a obtenção do desconto, como por exemplo a Don Quijote, que pede o valor mínimo de ¥5000 para compras Tax Free.

don quijote
Don Quijote da cidade de Osaka e seu grande aviso de Tax Free.

Bom, acabou que eu falei demais de compras e esqueci de comentar muitas outras coisas incríveis da viagem, que vão ficar para a parte 2 deste artigo. Até lá!

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Anderson Mansera

Especialista em Tecnologia e Design com mais de 20 anos de experiência no mercado de produtos eletrônicos e soluções digitais, com participação em eventos internacionais e projetos para grandes empresas. Retrogamer e tecladista nas horas vagas.

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